Virtude da vigilância x vício do sono

Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático, dizia que para os homens despertos só há um mundo e não dois estanques como o é para os que dormem decerto o sono de uma vida esquizofrênica dividida e hipócrita. Nada mais certo sobretudo quando se vê certas pessoas que se dizendo cristãs, mas não deixando de serem incoerentes, hipócritas, isto é, perfeitamente delirantes ao dizerem que não há verdade, que não há um certo referencial superior, sendo tudo relativo, mas ao mesmo tempo se dizem cristãs, logo, para essa gente Cristo é a verdade. Ora, se Cristo é a verdade como Ele mesmo alegou, eis o referencial superior e superior ao extremo, pois Cristo, ninguém menos que o próprio Deus, como diz a Escritura, penetrou o céu para nos salvar ao encarnar-se no seio da Virgem Maria.

Esse tipo de gente que dorme não está só, pois eu mesmo em minhas tentações homossexuais sinto-me adormecer, de quando em vez, sob a como que magia negra, sob o perfume adocicado e mortífero dos torpes desejos fortíssimos homossexuais que competem contra a natureza das coisas, que competem contra o Criador, que competem contra o bom senso.

É difícil não ceder aos encantos de um doce cochilo, mas que se saiba que o sono da razão gera monstros, como diz um antigo adágio. Tais monstros são os monstros da loucura da incoerência, da loucura de um moralismo muito pior que o do moralismo do zelo religioso sincero. Refiro-me a esse outro moralismo que é o moralismo do dever pelo dever, pois quem é obrigado ao mesmo não sabe o porquê obedece, mas talvez por um medo meramente estético dos olhares alheios da platéia como todo perverso orgulhoso obedece para fazer uma boa figura.

Lutemos pela vigilância, oremos e vigiemos, porque não sabemos não só a hora que Cristo voltará novamente dos céus, mas também não sabemos a hora que Satanás surgirá das profundezas para nos aprisionar sob as suas tenazes terríveis se estivermos dormindo sob o sono de nossa preguiça, orgulho, egoísmo ou indiferença culposas.