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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Os erros de Augustus Nicodemus sobre a doutrina da graça no catolicismo

Frequentemente os protestantes se confundem ao exporem a doutrina católica da graça. Chamam-na de pelagiana, de semipelagiana, meio sem muito critério, sem muito sal. É velha tal acusação, que data de João Calvino. Focaremos, nessa postagem, a acusação de semipelagianismo, doutrina condenada infalivelmente.

Para entendermos as várias posições da graça, utilizaremos um gráfico feito por Garrigou-Lagrange, em sua obra "Comentários ao Tratado da Graça" :
Não pode a graça ser "eficiente por si mesma" e "não eficiente por si mesma", pois tal violaria o princípio lógico tertium not datur. As posições teológicas, heréticas ou não, situam-se entre esses dois extremos, em maior ou menor intensidade. Sustenta esta posição, de modo geral:
1Jo 5:3  Eis o amor de Deus: que guardemos seus mandamentos. E seus mandamentos não são penosos, 
Mat 11:30  Porque meu jugo é suave e meu peso é leve.
E aquela:
1Co 4:7  O que há de superior em ti? Que é que possuis que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se o não tivesses recebido?
Semipelagianismo é, segundo, o gráfico apresentado, uma posição que considera a graça não eficiente por si mesma. "Semipelagianos ensinavam que predestinação, para a graça ou para a glória, não era gratuita, e que Deus acompanhava todos os homens, os réprobos como os predestinados, em igual amor, e oferecia graça e glória a todos igualmente; daí, de acordo com os semipelagianianos, obtém a graça quem consente a ela por si mesmo, não recebendo nenhuma ajuda maior, e recebe glória, quem, por si mesmo, perservera na graça recebida." [1]
O molinismo, que não é uma heresia, mas um erro teológico (bastante fora de moda entre os católicos), não se confunde com o semipelagianismo. Difere-se principalmente por tomar a perseverança como dom gratuito de Deus (mantendo o aspecto da posição agostiniana da gratuidade da predestinação). [2]
Augustus Nicodemus comete o erro de tomar o catolicismo romano como semipelagiano muito provavelmente por tomar o molinismo como a doutrina "oficial" da Igreja.
Ao criticar Teologia da Libertação, erra: "No caso de Boff, em particular, o pelagianismo era inevitável, não só por causa do seu background católico romano, mas principalmente por causa da integração do seu pensamento com muito da erudição européia moderna, cuja cosmovisão é distintamente pelagiana." [3]
Também comete o mesmo erro em suas aulas. [4]
Nada mais errôneo. A Igreja Católica, que é a Igreja de Cristo, já se pronunciou sobre o assunto, condenando o semipelagianismo como heresia. Tal é o cânone do Concílio de Orange:
"Cânone 4. Se alguém porfia que Deus espera nossa vontade para limparmos do pecado, e não confessa que ainda que o querer ser limpo se faz em nós por infusão e operação sobre nós do Espírito Santo, resiste ao mesmo Espírito Santo que por Salomão disse: é preparada a vontade pelo Senhor (Provérbios 9, 35: LXX), e, ao Apóstolo que saudavelmente predica: Deus é aquele que obra em nós o querer e o acabar, segundo o seu beneplácito (Filipenses 2, 13)." [5]
Não entendo por que a insistência de Augustus Nicodemus em propagar tamanha calúnia. Talvez nunca tenha estudado a teologia católica mais a fundo. Augustus Nicodemus é exemplo daquilo que Chesterton acertadamente diz, em sua obra Hereges: " O reformador está sempre certo sobre o que está errado. Ele, geralmente, está errado sobre o que está certo." 

Há outros erros de Augustus Nicodemus, que são os mesmos entre os reformados, que abordaremos no futuro. Exporemos segundo o molde tomista, recomendado pelo Magistério ordinário, que toma a graça como eficiente por si mesma, tal como o calvinismo, mas sem heresias.

[1] GARRIGOU-LAGRANGE. Grace: Commentary on the Summa Theologica of St. Thomas.  cap. 1
[2] Idem.
[3] LOPES, Augustus Nicodemus. A Hermenêutica da Teologia da Libertação: Uma Análise de Jesus Cristo Libertador, de Leonardo Boff, Fides Reformata 3/2 (1998)
[4] http://www.youtube.com/watch?v=RSRJV7g-aM4, por volta dos cinco minutos.
[5] DS 177

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