Autoria: João Emiliano Martins Neto
É comum na vida de relação em um diálogo rápido e espontâneo sobre Política o uso de certas palavras que, de fato, podem não apontar precisamente para a realidade, o equívoco pode ocorrer, nem sempre as situações são unívocas para que as palavras acertem-nas em cheio. O uso de palavras como nazifascismo e comunismo como xingamento é comum neste tempo em que a Política tornou-se drama existencial brasileiro e em outras partes do mundo, pelo menos para as classes sociais mais falantes da classe média para cima que são as classes sociais que tem algum tempo e possibilidade de saber do que está acontecendo no mundo.
Para além do mero xingamento de nazifascismo e comunismo por parte muitas vezes de grupos extremistas de direita e de esquerda, é possível saber com certeza quando certas práticas de direita ou de esquerda podem ser nazifascismo e comunismo? Segunda-feira, dia 17 de janeiro de 2022, o presidente Jair Messias Bolsonaro em uma entrevista que ele concedeu à uma rádio do Estado do Espírito Santo, à Rádio Viva FM, ele disse que os gays terão que acertar contas com Deus e que a Resolução 175 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que reconheceu a união homoafetiva no ano de 2013 teria "atacado o coração dos cristãos no Brasil".
Ora, tais palavras de Bolsonaro seriam nazifascistas? Talvez, já que ele falou de Deus, se o Estado brasileiro não fosse laico e o poder estivesse, lá na ponta ou talvez dizendo mais acertadamente na raiz e no coroamento, nas mãos dos padres ou de pastores protestantes, também poderia ser nas mãos de outros sacerdotes de outras religiões como o islamismo, o budismo ou o hinduísmo. Teríamos uma noção de hierarquia de origem divina férrea e imutável, uma opressão sem fim com uma injustiça sem fim, não que a homossexualidade não seja em si uma desordem e que a sabedoria milenar e perene da maioria das grandes religiões tradicionais do mundo não a condenem, porém, antes haver um alguma afeição entre duas pessoas ainda que do mesmo sexo do que brigas e uma desordem maior social como ocorrem em casais heterossexuais naturais que traem a própria vocação.
Mas, o nazifascismo de Bolsonaro é o que já explicou o filósofo Paulo Ghiraldelli Júnior, é um nazifascismo subjetivo que não se espraia como uma política de Estado, apesar de pela força do Estado, Bolsonaro já ter vetado patrocínio e propaganda da cultura LGBTQIA+ em seu governo, por exemplo, certa feita para o Banco do Brasil. E um nazifascismo que ele traz no coração que prefere, por exemplo, como dito, condenar gays ao inferno do que não admitir a sua péssima gestão da pandemia ou sindemia de Covid-19 quando certa vez, perguntado sobre as mortes por Covid, ele deu de ombros dizendo não ser coveiro. Ou ele não vê o crime maior contra a humanidade que é a violência contra os gays que ocorre na sociedade, também em alguma medida causada pelos próprios gays nos bas-fonds das grandes capitais brasileiras, lugares perigosos onde os gays vão se encontrar, eu mesmo que sou homossexual já fui parar nesses lugares perigosos em busca de sexo gratuito e fácil e já deparei-me com muita degradação humana.
É comunismo uma medida mais à esquerda de se taxar lucros e dividendos? Será comunismo quando algum governante de esquerda começar a taxar o mercado financeiro que destrói a indústria, torna o Brasil em um fazendão para o mundo com seu capital fictício onde a produção de mercadorias cai e, enfim, estabelece-se a usurária produção de dinheiro através de dinheiro da agiotagem oficial dos bancos ou, na minha opinião, também do PIX, das FINTECHs e das cibermoedas? É comunismo uma política de igualdade sexual no trabalho, apesar do homem ser mais forte do que a mulher e não engravidar enquanto está nos melhores anos produtivos de vida de trabalho, junto com a combate à uma injusta homofobia e transfobia? Combater tais injustiças é comunismo? Que seja, ainda que com os excessos à esquerda, os comunistas querem um mundo mais igual, de irmãos, "os comunistas são os que pensam como os cristãos", já dizia o Santo Padre Francisco.
Para que não haja xingamento no rótulo ideológico que cada um queira dar ao seu oponente político é preciso ter uma noção concreta de que ao seu oponente corresponde, realmente, àquele rótulo que se presuma que a ele caiba. Mas, uma coisa a mim parece certa, os rótulos à esquerda são os menos odiosos por não tornar ninguém em opressor, juiz até mesmo implacável do seu irmão conforme mais se caminha à direita do espectro político.