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O que um filósofo estuda? | Olavo de Carvalho

Olavo de Carvalho   " Um filósofo não estuda autores e textos. Estuda problemas, estuda a realidade, estuda a existência e seus enigmas...

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terça-feira, 21 de setembro de 2021

No tempo do aggiornamento: sectarismo e cegueira

Autoria: João Emiliano Martins Neto


No discurso de Jair Messias Bolsonaro, hoje, em Nova Iorque na abertura da 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas, novamente a direita, tal qual faz a esquerda, colocou-se como líder sectário de um povo, o povo brasileiro, no caso da direita, na defesa da família tradicional. Sectarismo a gente vê por aí em nome do poder sem nenhum pudor, porque se Bolsonaro fosse a favor da tal família tradicional, de fato, jamais aceitaria a repartição de parte dos salários dos funcionários de gabinetes de si mesmo e de sua família, assim arrebentando a sua própria família com a corrupção do peculato, que é a rachadinha e não receberia ajoelhado as bênçãos de um Edir Macedo acusado de ser um criminoso comum terrível que explora o cristianismo para o lucro fácil e defende o maior atentado à tal concepção de família que é o aborto e nem ficaria do lado das milícias e demais maus policiais que dizimam crianças nas periferias, favelas ou comunidades pobres, sobretudo da cidade do Rio de Janeiro, e do Brasil afora.


O sectarismo cega e está a serviço do poder, contra tal cegueira a Santa Igreja Católica no tempo do aggiornamento em que vivemos antenada para com os sinais dos tempos sabe que em uma sociedade plural explorada pelo capital onde tudo torna-se mercadoria, capital defendido com unhas e dentes por uma direita brasileira e mundial, capitaneada pelos Estados Unidos e em parte pela China, capitalista e protestante cuja ética tem por espírito o espírito do capitalismo, cabe um mundo onde não se caia nem no socialismo e comunismo onde o homem é emancipado de Deus e de Sua Santa Igreja é apenas uma peça de uma engrenagem que não leve em conta a sua individualidade e singularidade, nem leve em conta a intransponível, sem os sacramentos e disciplina cristã, barreira metafísica do pecado em um materialismo similar ao do capital, nem se caia na exploração como mercadoria de corpos e almas própria do capital, que aceita até mesmo o comércio de drogas, órgãos humanos e adoção de crianças, mas que o mundo seja um mundo de irmãos em uma nova ordem mundial, assim queria expressamente o Santíssimo Padre, o Papa São João Paulo II de feliz memória.


O que se há de entender no mundo de hoje e que no tempo do aggiornamento a Igreja Católica tentou e tenta compreender e conformar-se é que a lógica burguesa comercial em que vivemos e não temos por hora como sair da mesma, demanda o politicamente correto, a tolerância e a suavidade que o diálogo propicia, pois com o sectarismo e cegueira de uma direita reinante e de grupos tradicionalistas protestantes e católicos ressentidos e nostálgicos apenas isolaria alguma ideia, tal qual a ideia cristã como algo intolerante e fanático, rígido, com um discurso ditatorial, enquanto outras ideias ressaltariam, caso acomodem-se em tal  lógica de mercado como mais atraentes do que o cristianismo e sabe-se que o cristianismo como um todo é historicamente pródigo em ser rígido e intolerante junto com o Islã, sobretudo.


O sectarismo da direita reinante vive de mãos dadas com a cegueira e não sabe tirar as consequências do capitalismo que diz defender em sua tarefa, reconhecia Karl Marx a virtude do capitalismo de civilizar o mundo, por isso, quem não queira estar no mundo da Lua deve entender a lógica do diálogo e da tolerância, da não rigidez para que neste mundo possa fazer prosperar as melhores ideias e princípios de todos os tempos e lugares como são as ideias e princípios cristãos que são imortais, eternos e para todos os tempos e gentes e podem muito bem sustentar o mundo de politicamente correto, suavidade, entendimento, diálogo com algo tão cristão tal qual o perdão, o autossacrifício e o sacrifício por Deus e pelo mundo com a ajuda da graça.

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

No tempo do aggiornamento: a modernidade santificada

Autoria: João Emiliano Martins Neto


A partir do Concílio Ecumênico Vaticano II alguma coisa como o protestantismo antes visto pelos padres antigos de forma, em geral, definitiva como heresia é visto como uma forma de espiritualidade cristã que pode ter elementos exímios e de validade e santificação. Os edifícios das comunidades eclesiais protestantes devem ser promovidos e preservados, diz um dos documentos do Concílio, a Unitatis Redintegratio, e assim a devoção privada, íntima, pessoal e segundo os sentimentos e livre escolha do homem por não pertencer à Igreja Católica deve ser preservada e é valorizada.


Ok, modernidade é autossuficiência, é racionalismo, é materialismo histórico e dialético ou marxismo, é subjetivismo, é um sentimento e contém uma ideia de liberdade sem uma noção firme de bem e verdade, pelo menos eu a entendo assim, conforme os cânones clássicos e medievais, mas, de alguma forma tais coisas passaram a ser levadas em conta e respeitadas, nem que seja no sentido de um diálogo, de uma escuta e entendimento maior por parte da Igreja no que antigamente era proselitismo e condenação que tomavam todo o espaço e tempo dos católicos. O entendimento do que seja o mundo por parte do sujeito é levado em conta, contudo, é claro que devemos corrigir a modernidade, pois de alguma forma o mundo, o real, insinua-se ao homem com sua presença dizendo ao homem o que é tal mundo.


O cristianismo a partir de tal Concílio passou a valorizar o homem, São Paulo VI, o Papa do Concílio de feliz e perpétua memória fazia loas ao homem e o cristianismo passou a ser visto como a religião do homem, coisa tremendamente ruim para os mais tradicionalistas radicais e fechados, rígidos. Religião do homem e como não seria algo assim o cristianismo visto que é o cristianismo a religião do Deus feito homem que quis desde a Virgem Maria na anunciação do Senhor colocar nas mãos do homem, de sua livre vontade e discernimento a união do homem à verdade cuja fonte é Deus e a reconciliação com tal verdade, repetindo, por sua livre vontade, visto que o próprio Jesus Cristo no horto das oliveiras livremente submeteu-se à vontade do Pai sendo que Ele preferia que o seu cálice de dor fosse-lhe passado de sua mão (São Mateus 26, 39).


No tempo do aggiornamento em que vivemos, em suma, a Santa Igreja Católica vem tentando provar, não sem os desafios próprios de nossa época, que não há de haver tempo e circunstância, por mais refratária que seja tal qual de fato em alguns aspectos mostra-se a modernidade muito contrária ao cristianismo, todavia, não há época em que a eternidade, em que a verdade, nas quais, respectivamente, o homem não possa ser inserido e verdade na qual ele não possa aderir. Se a verdade cristã é a verdade, se Cristo não mentiu ao dizer ser a verdade e não um costume restrito à épocas pretéritas e se a verdade vence tudo, veritas omnia vincit, a modernidade em que vivemos quando ela passar há de ser apenas a moldura atual da obra de arte de beleza, verdade e bem que o Criador quis conceber para a sua criatura e na qual a sua criatura humana está inserida, criatura que viva expressa a glória desse mesmo Criador.

domingo, 5 de setembro de 2021

No tempo do aggiornamento: o Papa São Paulo VI e seus súditos burros

Autoria: João Emiliano Martins Neto


Eu tenho em minha biblioteca pessoal o chamado Compêndio do Concílio Vaticano II que é a coleção em um livro contendo todos os documentos que formam o que foi decidido nesse Sagrado Sínodo da Santa Igreja que ocorreu dos anos de 1962 a 1965 em suas constituições como a constituição pastoral Gaudium et Spes ou as dogmáticas Lumen Gentium e a Dei Verbum, além da Sacrossantum Concilium e outros documentos que disciplinam os bispos, os padres ou presbíteros e a Igreja no oriente, além do ensino católico nos seminários, a Optatam Totius.


Em uma das orelhas deste livro, segundo a edição que eu tenho, há um texto do Papa São Paulo VI onde o nosso pai sagrado, doutor e mestre universal diz que aqueles que querem apegar-se aos costumes e ensinamentos antigos não seriam dos católicos os mais inteligentes, logo, seriam burros, seriam súditos burros do Papa. Eu acho que é Theodor Adorno da Escola de Frankfurt quem diz que a direita tem uma cicatriz e tal cicatriz é a burrice.


A burrice da direita ou dos apegados a costumes e ensinamentos antigos eu acho que é aquilo que diz o grande filósofo Paulo Ghiraldelli Júnior, é que a direita, o conservador, precisa manter a sua posição, ele empaca no meio do caminho, estanca o fluxo do pensar como a mula ou o burrinho, então, ele não pode pensar, porque o pensar é um movimento, é um devir, é um sair da zona de conforto e conformismo.


Mas, é claro que o pensamento encontra o seu sentido, substância, o que o desperta e o ilumina, o que o mobiliza a entrar em ação cogitante que é a verdade do real que pretende-se, por fim, contemplar e, então, conformar-se à tal verdade. Desde que se aja com sinceridade na busca de tal verdade, pensando, e depois de encontrá-la dizê-la evidentemente que tal atitude não será a da mera obediência do burro, do jumento que é o símbolo da obediência.


Um esquerdista revoltado, porque assumidamente rebelde como Paulo Ghiraldelli não aceitará a verdade do real, pois para ele a realidade é alguma coisa de um reizinho e o esquerdista em seu complexo de Édipo quer ser ele o rei do mundo, o mundo vai mal, porque não é ele que está mandando. O esquerdista acha que é a sua lei é que boa, perfeita e agradável e não a lei de Deus, o verdadeiro Monarca, como dele dizia o filósofo alemão Leibniz.


Então, no final das contas quem é burro, a direita ou a esquerda? Depende, há excessos de ambos os lados e eu fico com o discernimento do próprio e de ninguém menos que do Papa São Paulo VI de dizer que não são inteligentes os que ficam com os costumes de antes do Concílio Vaticano II. O Papa precisa de súditos inteligentes e na Santa Igreja do tempo do aggiornamento são inteligentes os que sentem com a Igreja renovada pelo Vaticano II que tenta não ser uma instituição do passado, porque pelo menos os homens do passado tem a desculpa de não saberem o que sabemos hoje com todo o progresso feito pela humanidade até aos dias de hoje para contemplar melhor a beleza da verdade nova e antiga do evangelho.

No tempo do aggiornamento: 23º Domingo do tempo comum

Autoria: João Emiliano Martins Neto


Neste domingo, dia 05 de setembro do ano de 2021, que é o 23º do tempo comum na proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos, eu diria que vemos que o tempo do aggiornamento começou já no tempo de Jesus Cristo em que Ele em conformidade com a novidade, a modernidade, por assim dizer, do evangelho que é algo de verdadeiro para cada um, individualmente, e não mais sendo somente uma religião meramente civil lavrada em pedra, mas lavrada no coração, novamente o Cristo comporta-se como o bom samaritano.

 

O Cristo comporta-se como a Santa Igreja Católica renovada pelos ventos do Concílio Ecumênico Vaticano II que quis ser o bom samaritano tal qual Jesus e em meio aos mestiços, entrelaçada ao mundo moderno com suas misérias de apostasia e economicismo materialista marxista e sabedoria de a religião não ser apenas um estágio ético do homem meramente servindo a regras externas e gerais que para ele concretamente não faz o sentido que a Fé, chamado salto da Fé, lhe proporciona e a Fé não pressupõe o trabalho, o cumprimento de regrinhas, pois escreveu São Paulo aos romanos (capítulo 4 e versículo 5) que é verdade que aquele que não trabalhou, mas confia naquele que justifica o ímpio, a sua Fé lhe é creditada na conta de justiça. Tal qual Cristo entrelaçado, misturado ao mestiço surdo que falava com dificuldade na Decápole, região pagã, cura tal enfermo tocando-lhe na desprezada imundície, para os mais ortodoxos e tradicionalistas, de sua língua e com sua saliva divina o curou da quase mudez e ainda curou-lhe a surdez.


É tempo do aggiornamento. A Sagrada Tradição cristã e católica é bela e é verdadeira, os tradicionalistas estão certos e são superiores, contudo como falta aos leigos e aos clérigos abaixo do Sumo Pontífice por mais tradicionalistas que sejam as luzes que só o Santo Padre, o Papa, dispõe, então, a Santa Igreja desde o Santo Padre São João XXIII conveio com Jesus dizer que: "Portanto, todo mestre da lei, bem esclarecido quanto ao Reino dos céus, é semelhante a um pai de família que sabe tirar do seu tesouro coisas novas e coisas velhas."

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

No tempo do aggiornamento: sabedoria do diálogo

Autoria: Santo Padre Francisco

 


Não se deve renunciar ao diálogo. Podem te enganar no diálogo, tu podes te equivocar, tudo isso... mas esse é o caminho. Fechar-se nunca é o caminho.

domingo, 29 de agosto de 2021

Dominação e vergonha

Autoria: João Emiliano Martins Neto


Ontem eu conversava com um rapaz sedevacantista, logo, alguém dos mais rígidos dos rígidos e incompreensivos do estágio em que chegou o homem nos dias atuais modernos ou contemporâneos ao ponto de ser alguém que separou-se da comunhão e paz com a Sé apostólica, a Sé de Pedro dos últimos 63 anos desde a morte do Santo Padre, o Papa Pio XII. E como não poderia deixar de ser causou espécie a ele a minha atitude confessional de confessar-lhe pecados meus contra o sexto mandamento como o fato de eu ter as vezes caído no pecado da homossexualidade.


Ele dizia que certos pecados não devem ser nem nominados, São Paulo dizia o mesmo, em seu tempo longínquo em que ele viveu, mas em que tempo nós vivemos e tempo no qual a Igreja Católica Santíssima quis aggiornar-se, fez o aggiornamento, estamos no tempo do aggiornamento, tempo de atualização da Igreja? Vivemos na era moderna ou contemporânea em que o homem quer ser Deus, quer ter o domínio total, quer a maioridade, quer dar-se conta de que está nu, tal qual uma criança, Adão e Eva aperceberam-se nus ao tornarem-se como Deus no Éden e vestiram-se. 

 

O homem quer vestir-se, quer trajar-se com a cultura de sua própria humanidade, então, com as reformas ocorridas no Sagrado Sínodo Vaticano II (1962-1965), a Santa Igreja como o bom samaritano não quis, nas palavras do Santo Padre São Paulo VI ao encerrar o Concílio, condenar, contudo, quis socorrer o homem como o bom samaritano (São Lucas 10, 25-37) que viu o pobre homem, figura do homem moderno, caído à beira do caminho enquanto os nominalmente mais fiéis à religião da época como seria o sedevacantista hoje em questão não viram tal homem caído como o seu próximo, disse o próprio Jesus, mas o condenaram à destruição simplesmente passando ao largo, mantendo distância, sendo indiferentes.


Há uma rigidez, uma dureza e uma incompreensão em quem é mais tradicionalista na Santa Igreja e segundo o que eu pude perceber do rapaz sedevacantista, ele um campeão em considerar a Sagrada Tradição ao ponto de não aceitar o que os sagrados pastores dos últimos 63 anos tem a dizer dela, interpretá-la e custodiá-la, pois eles seriam traidores, o que eu pude perceber e, se ele estiver certo, a Santa Igreja de outrora, talvez ele esteja exagerando, em outrora a Santa Igreja com relação aos pecados contra o sexto mandamento parecia aos olhos do homem moderno ou contemporâneo atual dominada pela vergonha por não querer sequer nominar, dizia São Paulo, certas modalidades anormais e contra a natureza do pecado contra o sexto mandamento como a masturbação ou a homossexualidade. Segue-se que o homem católico de outrora era mais refém de certos fatos corriqueiros da vida como a masturbação e a homossexualidade por não querer nem ao menos referi-los em nome de um extremo pudor.


A vergonha tomava conta, dominava e com isso o voto de ignorância e de estar-se nas trevas parecia dominar o homem de muito tempo atrás, cujo porta-voz é o rapaz sedevacante com o qual eu dialogava ontem. Ora, nada repugna mais ao homem moderno ou talvez a vocação própria do homem que deseja sempre saber, nada repugna mais ao homem desde a época do surgimento da Filosofia, apanágio do ocidente sempre progressista, que separou o homem das construções míticas e das tradições, nada repugna mais do que não poder apreender, tomar em suas mãos o real, através do conceito que é a atividade propriamente filosófica e posteriormente científica e que é a marca da modernidade ao ponto do domínio total do homem sobre o mundo infelizmente na modernidade sem mais dispor-se a interpretá-lo, compreendê-lo de forma objetiva, contudo, tem o homem o ímpeto de transformar o mundo.

 

O rapaz sedevacante extremista radical impressionou-me, percebi que naquela reposta dele em áudio pelo WhatsApp, algo tão contemporâneo, eu voltei no tempo talvez aos anos de 1910 ou de 1940. Ele, não sei se escudado por algum santo doutor em moral da Santa Igreja, culpando-me só a mim por meu pecado homossexual, entretanto, no meu caso pessoal houve no passado o meu problema de meu distúrbio mental, o transtorno bipolar, que influencia no aumento da prática sexual e como fica a ação do diabo sobre o homem para induzi-lo a pecar? Eu tenho uma inclinação, ainda que prudente, aos grupos tradicionalistas, tenho frequentado um deles em minha cidade de Belém do Pará, então, eu tendo a ter como autoridade o parecer de um sedevacante como o rapaz em questão, ele, contudo, talvez esteja errando pela própria dureza, não sei.


Uma coisa é certa, a Santa Igreja atualizou-se, aggiornou-se, ou deveria ter simplesmente abarcado e ido além, transcendido a modernidade, a época em que vivemos, conforme ensina o competentíssimo filósofo Olavo de Carvalho, pois a Igreja é a presença do eterno no tempo. E tal modernização da Igreja Santa de Cristo foi um gesto de pôr-se mesmo na pele do homem de nosso tempo e com ele a própria Igreja acabou ferida no meio do caminho, a veste branca dos papas pós-conciliares sujou-se ao aproximar-se compreensivamente dos descaminhos do pobre homem moderno ou contemporâneo. De todo o jeito eu percebo que a Igreja ganhou em ver tal homem como seu próximo, tal qual o bom samaritano, enquanto os outros rígidos e duros e incompreensivos são apenas marcados pela indiferença ao seu próprio próximo que não seja por definição algum semelhante santarrão como eles, não sabendo eles, por conseguinte, nada do amor que abrange o amor ao próximo o qual estão vendo caído no meio do caminho, então, como podem dizer que amam a Deus o qual não veem, pergunta o Apóstolo (1 São João 4, 20)?

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

A religião que virou seita ou a religião que virou pó

Autoria: João Emiliano Martins Neto


Eu estou assistindo à Santa Missa no chamado Rito Extraordinário que é a Santa Missa Tridentina do Santo Padre, o Papa São Pio V, diariamente, ligada a um grupo católico de tradição chamado Instituto Bom Pastor. É a Missa de sempre, é o catolicismo real, de fato, sonante, de mais de dois mil anos, é todo um símbolo de nossa Santa Fé católica, o Papa São Paulo VI reconhecia como um símbolo e o desprezava, em forma de liturgia, é algo maravilhoso e de fato quem assiste à tal celebração sai alimentado espiritualmente ao contrário do cardápio mais pobre e simplório que é a Santa Missa do chamado Rito Ordinário que é a Novus Ordo Missae do Santo Padre, o Papa Paulo VI.


O que eu noto por tal participação minha em tal Missa é que o catolicismo romano é a religião que virou seita, tornou-se uma seita de tradicionalistas como o do Instituto Bom Pastor ou da Fraternidade Sacerdotal São Pio X fundada por Dom Marcel Lefebvre. Sinto-me, as vezes, em uma seita de cismáticos ou de sedevacantistas, ao tomar parte da mesa eucarística no Rito Extraordinário e eles parecem-se ser em parte isso em face de uma hierarquia eclesiástica cuja jurisdição tornou-se precária ao terem renunciado a própria autoridade, sobretudo, profética ao terem querido ser o sal que perdeu o sabor, logo, são pisados pelos homens, disse Jesus Cristo, são desprezados em suas lições e ordens irrelevantes e impossíveis de serem postas em prática em face do risco para a Fé e a salvação das almas que é a suprema lei, salus animarum, suprema lex.


A religião católica romana quis modernizar-se a partir da década de 1960 do século XX e deu no que deu, virou pó, o catolicismo virou pó, ficou reduzido a nada, o nada que é a modernidade que consiste no domínio técnico sobre o mundo, é pura dominação, no lugar do entendimento profundo e real do que é o mundo. Eu não tenho dúvida de escrever aqui que o que está ocorrendo com a Igreja Católica é o que houve no livro que tornou-se filme de autoria de C. S. Lewis, As Crônicas de Nárnia - O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa. A religião católica, a verdadeira luz, verdade e verdadeira sabedoria, a vida, está sepultada sob grossas camadas de morte, de gelo, sepultada está pelo mal por Satã que apossou-se da Santa Igreja desde a década de 1960, fazendo uso da santa e humilde obediência que nós, fiéis, devemos aos nossos sagrados pastores, hoje indignos ou pelo menos muito precarizados para ostentarem tal título de liderança que ostentam.

 

Eu escrevi um série de artigos louvando o tempo do aggiornamento em que vivemos, no que tal tempo tem de inteligência e cabeça para entender o outro e o nosso tempo moderno ou contemporâneo, o que é muito interessante e justo, mas eu não posso deixar de notar que o catolicismo antigo é muito superior e é a verdadeira Igreja. O Santo Padre, atual, o Papa Francisco, aliás, vem punindo os católicos de tradição por acharem-se como a "verdadeira Igreja", mas eles o são, eles são superiores, por afirmarem e reafirmarem o símbolo e dogma da Santa Fé católica por sua doutrina, baseada nos catecismos antigos e em livros de antigos e clássicos doutores e santos, e por afirmarem uma lex orandi com a Santa Missa Tridentina que em sua santa estrutura e santos gestos mantém detalhadamente a integridade da Fé, e Deus está nos detalhes, dizem os judeus. 

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

No tempo do aggiornamento (parte 3)

Autoria: João Emiliano Martins Neto


Os tradicionalistas radicais extremistas e fanáticos obcecados querem o culto divino, a Santa Missa, em latim sem que as pessoas em geral compreendam o idioma e assim durante a Missa ficam alheias ao que está acontecendo e restam pobrezinhas rezando o Santo Rosário durante a celebração, enquanto o padre fisicamente de costas para elas, ainda que todos estejam como devem estar fisicamente de frente para Deus que encontra-se no altar, ainda que toda a Missa seja sempre para Deus, espiritualmente.

 

No tempo do aggiornamento é concedida pela Santa Igreja Católica que a Santa Missa seja rezada na língua local de cada país e com as principais palavras da celebrações ditas de forma audíveis pelo sacerdote do princípio ao fim, pois em nosso tempo do aggiornamento iniciado no Concílio Ecumênico Vaticano II,  os bispos reuniram-se com intenção de reformar a Sagrada Liturgia para que os fiéis "não atendessem a este mistério da fé como estranhos e mudos espectadores, mas, entendendo-se bem através de ritos e orações, participassem consciente, piedosa e ativamente da ação sagrada." (Constituição sobre a Liturgia Sagrada "Sacrossantum Concilium", 3 de dezembro de 1963, n. 48).


No tempo do aggiornamento, a Santa Igreja atualizou-se para um culto, para uma Sagrada Liturgia acessível e mais consciente onde, por exemplo, os acólitos e os fiéis não respondem mecanicamente e ignorando o significado de sua resposta e o que foi dito antes pelo sacerdote, pois antigamente dizia-se tudo em latim. No tempo do aggiornamento a cena do Calvário é renovada na língua da maioria do povo local que a acompanhava há mais de dois milênios o Cristo Jesus dando a sua vida em seu glorioso trono da santa cruz.

domingo, 15 de agosto de 2021

No tempo do aggiornamento (parte 2)

Autoria: João Emiliano Martins Neto

 

Concílio Ecumênico Vaticano II


Com todos os problemas causados pelo Concílio Ecumênico Vaticano II e seu aggiornamento, atualização da fé cristã querida pelo Santo Padre, o Papa São João XXIII, sobretudo no que se refere a dar-se direitos ao que é considerado o erro, às falsas religiões e às heresias, à elas dar direitos políticos, por exemplo, apesar de que antigamente havia uma certa inclinação à uma ditadura católica foi vetada e houve uma busca de uma maior compreensão à tradições espirituais mais antigas que a própria Igreja Católica, mas tal aggiornamento pode ser percebido na própria pele de quem com os cristãos, sobretudo os pobres e todos os que sofrem, compartilham com os cristãos as mesmas alegrias e esperanças, sofrimentos e angústias, ensina o Santo Padre, o Papa São Paulo VI.


Eu percebo na minha própria pele o quanto foi interessante tal aggiornamento, vivemos no tempo do aggiornamento, que é quando eu medito sobre a ideia protestante da justificação somente pela fé (sola fide) e talvez seja a fé que não pressupõe trabalho (Romanos 4, 5) a própria sabedoria e gênio do cristianismo e hoje, graças a Deus, há um ecumenismo mais franco e aberto por parte da Igreja. Ou também quando vou confessar algum pecado contra o sexto mandamento que diz para não pecar-se contra a castidade, eu percebo o quanto os padres preocupam-se não só como o pecado contra Deus, o que é o principal, a ofensa a Deus, pois Deus deve ser amado sobre todas as coisas, mas também o quanto o pecado é um mal, por exemplo, o pecado contra a castidade, é fruto de uma afetividade e emoções enfermas, feridas, é algo que conduz a um desgaste pessoal, disse certa vez para mim um padre confessor.


Uma tal compreensão, a dureza e rigidez tradicionalista não tem muita percepção, cabeça e inteligência para percebê-lo, eles já deram prova disso muitas vezes, porque movidos as vezes por um fanatismo, são obcecados, ou movidos por um senso comum acham tudo um mar calmo de evidências. Deixando de levar em conta que o que é verdade, tem que ser verdade "para mim", também, ao juízo de quem percebe a verdade e vive todo o drama humano da verdade, já que de todas as criaturas visíveis sobre a Terra somente o homem conhece a verdade tanto subjetivamente quanto objetividade, e sem querer aqui descartar a objetividade e transcendência da verdade para não cair no agnosticismo moderno.


Este é o tempo do aggiornamento, onde, por exemplo, o drama da Igreja na Alemanha pode ser compreendido como diante do pecado que é a homossexualidade que equivocadamente os padres ali querem abençoar os pares homossexuais, contudo, em tal tempo de atualização da fé cristã e católica, os que certamente sofrem e vivem angustiados tal qual os gays, os pobres que são gente como eles, como nós, gays, pois eu também sou gay, entretanto, não mais praticante, graças a Deus. Mas, nossos sofrimentos e angústias ao lado de todos os pobres a exemplo dos atuais trabalhadores uberizados vendedores de iFood e Rappi precarizados sem nenhum direito trabalhista, todavia, nós compartilhamos nossas dores com as alegrias e esperanças dos cristãos, ensina a Santa Igreja aggiornata atual.


O drama de todos os que sofrem e vivem angustiados diante da verdade de um mundo que um dia revoltou-se com Adão contra o seu próprio Deus, e restou ferido por criminosos e caído à beira do caminho ao descer de Jerusalém para Jericó, nós, todos sofredores e também nós, os doentes, no caso a minha doença é doença mental, graças a Deus que temos na Santa Igreja Católica sobretudo a atual do tempo do aggiornamento, temos por meio da Igreja a Jesus Cristo, o bom samaritano, para socorrer-nos.

sábado, 14 de agosto de 2021

No tempo do aggiornamento

Autoria: João Emiliano Martins Neto

 

Martinho Lutero

Neste nosso tempo de aggiornamento na Santa Igreja Católica pós-Vaticano II e por isso é um tempo de um diálogo mais livre e franco, mais humanístico, também e compreensivo, e, por isso falando em ecumenismo, eu acho muito interessante a intuição original de Martinho Lutero exposta em uma biografia chamada "Martin Lutero" escrita por um escritor francês protestante, o Frantz Funck-Brentano, em que o autor mostra ali um Lutero sinceramente atormentado e angustiado com a questão das boas obras muito exiigidas pelo catolicismo, sobretudo o catolicismo pré-Concílio Vaticano II. Funck-Bretano relata o quanto Lutero ficara impressionado com o testemunho de um contemporâneo seu que era um homem católico romano que movido por um rigor ascético e penitencial restou como só pele e osso, magríssimo, e carregando um pesado saco nas costas.



Eu penso que no final das contas, é a questão da fé em Jesus Cristo como a justiça de Deus comutada por Deus em fé, porque disse São Paulo aos romanos (capítulo 1 e versículo 17) que "Justitia enim Dei eo revelatur EX FIDE IN FIDEM sicut scriptum est justus autem ex fide vivit". É a fé e não em obras, porque a fé não pressupõe o trabalho, a obra, porque disse São Paulo aos romanos (capítulo 4 e versículo 5) que "ei vero qui NON OPERATUR credenti autem in eo qui justificat impium REPUTATUR FIDES ejus ad justitita". Ou seja, esta sabedoria da fé é que seria a sabedoria do cristianismo que o protestantismo pode ter demonstrado na vida concreta sofrida de Lutero e que hoje a Igreja Católica reformada pelo Concílio Vaticano II vê com mais serenidade e boa vontade.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Sanctus in fronte, sanctus in animo

Papa São João XXIII

Nos últimos dias venho interessando-me vivamente pela memória de São João XXIII, Papa, o chamado Papa Bom. São João XXIII com aquela cara dele de vovô, amoroso, doce, paciente, enfim, na face tinha a bondade, como a não teria n'alma e no coração? Sanctus in fronte, sanctus in animo?

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