Autoria: João Emiliano Martins Neto
A partir do Concílio Ecumênico Vaticano II alguma coisa como o protestantismo antes visto pelos padres antigos de forma, em geral, definitiva como heresia é visto como uma forma de espiritualidade cristã que pode ter elementos exímios e de validade e santificação. Os edifícios das comunidades eclesiais protestantes devem ser promovidos e preservados, diz um dos documentos do Concílio, a Unitatis Redintegratio, e assim a devoção privada, íntima, pessoal e segundo os sentimentos e livre escolha do homem por não pertencer à Igreja Católica deve ser preservada e é valorizada.
Ok, modernidade é autossuficiência, é racionalismo, é materialismo histórico e dialético ou marxismo, é subjetivismo, é um sentimento e contém uma ideia de liberdade sem uma noção firme de bem e verdade, pelo menos eu a entendo assim, conforme os cânones clássicos e medievais, mas, de alguma forma tais coisas passaram a ser levadas em conta e respeitadas, nem que seja no sentido de um diálogo, de uma escuta e entendimento maior por parte da Igreja no que antigamente era proselitismo e condenação que tomavam todo o espaço e tempo dos católicos. O entendimento do que seja o mundo por parte do sujeito é levado em conta, contudo, é claro que devemos corrigir a modernidade, pois de alguma forma o mundo, o real, insinua-se ao homem com sua presença dizendo ao homem o que é tal mundo.
O cristianismo a partir de tal Concílio passou a valorizar o homem, São Paulo VI, o Papa do Concílio de feliz e perpétua memória fazia loas ao homem e o cristianismo passou a ser visto como a religião do homem, coisa tremendamente ruim para os mais tradicionalistas radicais e fechados, rígidos. Religião do homem e como não seria algo assim o cristianismo visto que é o cristianismo a religião do Deus feito homem que quis desde a Virgem Maria na anunciação do Senhor colocar nas mãos do homem, de sua livre vontade e discernimento a união do homem à verdade cuja fonte é Deus e a reconciliação com tal verdade, repetindo, por sua livre vontade, visto que o próprio Jesus Cristo no horto das oliveiras livremente submeteu-se à vontade do Pai sendo que Ele preferia que o seu cálice de dor fosse-lhe passado de sua mão (São Mateus 26, 39).
No tempo do aggiornamento em que vivemos, em suma, a Santa Igreja Católica vem tentando provar, não sem os desafios próprios de nossa época, que não há de haver tempo e circunstância, por mais refratária que seja tal qual de fato em alguns aspectos mostra-se a modernidade muito contrária ao cristianismo, todavia, não há época em que a eternidade, em que a verdade, nas quais, respectivamente, o homem não possa ser inserido e verdade na qual ele não possa aderir. Se a verdade cristã é a verdade, se Cristo não mentiu ao dizer ser a verdade e não um costume restrito à épocas pretéritas e se a verdade vence tudo, veritas omnia vincit, a modernidade em que vivemos quando ela passar há de ser apenas a moldura atual da obra de arte de beleza, verdade e bem que o Criador quis conceber para a sua criatura e na qual a sua criatura humana está inserida, criatura que viva expressa a glória desse mesmo Criador.
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