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O que um filósofo estuda? | Olavo de Carvalho

Olavo de Carvalho   " Um filósofo não estuda autores e textos. Estuda problemas, estuda a realidade, estuda a existência e seus enigmas...

domingo, 19 de março de 2017

O que eu quero com a esquerda política?

Caros amigos, eu sou um cara muito falante, comunicativo e extrovertido. Sou, eu, o João, alguém muito dado à retórica, por conseguinte, como dizia-se na Antiguidade. Tais qualidades são próprias do Político, não tenho dúvidas. Ora, nos últimos pelo menos 12 anos, desde que conheci o meu mestre, o professor Olavo de Carvalho, politicamente venho interessando-me, ainda que pela via mais conceitual e cultural própria da Filosofia, venho interessando-me por Política, mas pela via da chamada direita política, o Conservadorismo, a defesa ingente da liberdade econômica e o Tradicionalismo reacionário, também. Bom, é evidente que reagir, querer conservar o time que está a ganhar, se me permitem uma licença futebolística tão comum ao brasileiro, parece ser obrigação de qualquer pessoa que se diga sã. Aquilo que seja a tradição e que ao longo do tempo, parece superar a luz que possa incidir sobre os gênios ou pretensamente gênios iluminados, os quais, por definição deveriam ser poucos, quase como que um milagre ao longo de toda a História humana neste mundo. Mas, com uma certa esquerda vulgar, tais gênios multiplicaram-se no que hoje, segundo o meu conhecimento pessoal, a esquerda chama de coletivos ou o que seria uma estátua com pés de barro, porque se é classicamente próprio à esquerda a democratização, a ampliação dos meios de ação e de democracia aos historicamente esquecidos do social, do mundo, mas é evidente que é preciso saber se esses proscritos terão estofo, capacidade de perdurarem-se no poder, sem acabarem como o grande partido de esquerda do Brasil, atual, o Partido dos Trabalhadores (PT), como apenas um partido de larápios, porque, ora, se todos forem ladrões em uma sociedade em breve chegará a época em que não restará ninguém mais para roubar, todos estarão na miséria e somente a elite do partido restará para roubarem-se uns aos outros e se matarem, porquanto quem rouba, tende a matar e o mundo chegará ao fim. Ora, se os milagres fossem tão naturais assim, não teríamos hospitais e cemitérios hiperlotados de doentes e de cadáveres, concordam amigos? Entretanto, é evidente que se historicamente a esquerda diz-se a defensora dos pobres como trabalhadores, mulheres, negros, índios, doentes mentais e físicos e defensora dos LGBT, ampliando a eles os espaços na ágora democrática das nações decentes, haveria um certo esquecimento da parte da direita, dos defensores do padrão universal que impõe a verdade do ser, haveria um esquecimento do pobre com a resultante, o que não é incomum em um certo direitismo popular, proscrição abjeta do mesmo. Em um debate, então, polar, de ponta-a-ponta de direita e esquerda, a gente pode ver que ora um tem razão, ora o outro acerta. Andamos, de fato, como diz o professor Olavo, com duas pernas, há um jogo dialético no mundo, no real, a expressar-se na prática meramente cotidiana ética e política, ou que segundo o filósofo judeu Emanuel Levinas é a essência do ser, na querela direita e esquerda. Em um debate entre ambas as forças polares de direita e esquerda podemos ter um bom resultado, desde que nenhum dos lados queira como um selvagem absolutamente estúpido destruir o seu oponente, como somente a esquerda tem feito tal coisa nos últimos séculos e em particular nas últimas décadas em meu País, o Brasil.


Desde o ano de 2002, eu filei-me ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), partido de esquerda política, fundado por Leonel Brizola, o homem que, a despeito de sua aparência de homem de forte têmpera, mas que defendia "malandramente", pelo que sei de História do Brasil, à época da eclosão do Regime Militar brasileiro, uma tal legalidade. Ora, a meu ver tratava-se de um erro, mas espertamente usado pelo Sr. Brizola como uma guerra assimétrica em que um lado têm todos os direitos e o outro deve manter-se em uma como straight-jack legalista, ou seja, de regrinhas asfixiantes e nada estratégicas para malograr a sua ação diante da que seria a realidade concreta que se apresenta. Ou seja, à época da instauração do governo dos militares, na primeira metade da década de 1960, Leonel Brizola queria que os militares brasileiros cumprissem a lei como animais, como ignóbeis escravos, enquanto ele sabia que os esquerdistas extremistas estavam a arrepiar no Brasil todo com a guerrilha, tinham tais esquerdistas sinistros todos os direitos, pelo que sei de História do meu País, agiam como bandidos, querendo ajudar os pobres, gente como os bandidos, agiam como bandidos, que bela coisa, não é mesmo? Eis a esquerda ignóbil, à qual eu não filio-me, mas o que eu quero com a esquerda, na sua práxis no mundo mais direta de ampliação dos meios de ação, a despeito de um mero andar nas nuvens do céu platônico tão típico da direita burguesa, é aplicar na prática deste nosso baixo mundo comum, em outras palavras, retornando à caverna platônica tenebrosa do pecado que mantém meus antigos irmãos escravizados no erro, quero na esquerda ser mais cristão, na prática, porque parece-me que em grande medida um cristão é um esquerdista, porque se ser de esquerda é defender o pobre, eis que pode entrar aí o Evangelho, pois Cristo Jesus Redentor, desde a época maravilhosa de Sua missão pública neste mundo até aos dias de hoje, com o chamado tempo da Igreja a viger no mundo, Cristo, desde aquela época em Israel, e hoje com nós, cristãos, os alter Christus, membros da Santa Igreja, Cristo é Aquele, por meio dos cristãos, que na prática cotidiana, a que poderia ser a verdadeira ontologia, é aquele que por sua graça deu vida a cadáveres como nós todos, homens, a todos os homens eleitos que eram proscritos como o resto do mundo o Cristo como um grande esquerdista deu-nos vida, deu-nos cidadania, pois estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Cristo Senhor Nosso tornou-nos cidadãos plenos, porque regenerados pelo Espírito Santo, atuantes, neste mundo para um dia habitar merecidamente, segundo o que politicamente, isto é, por meio do corpo, com a graça de Deus, fizemos neste mundo.

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