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quarta-feira, 26 de julho de 2023

Quem mistura-se com porcos, farelo come

Autoria: João Emiliano Martins Neto


Eu não sei se é um excesso de cristianismo ou um efeito de minha doença mental, o transtorno bipolar ou se é mau gosto, eu acabo sempre envolvido com a ralé da sociedade, porteiros, empregadas domésticas (uma delas que trabalhou na minha casa quando eu era mais jovem chamou-me de "mulherzinha", porque eu ficava muito próximo a ela), faxineiros, camelôs, flanelinhas de rua, que eu me lembre, só nunca cheguei ao ponto de conversar com moradores de rua mendigos a não ser para pelo menos ver se algum deles era digno de um desejo sexual.


Quem mistura-se com porcos, farelo come. Então, eu acabo um deles ou até pior, acabo alvo das rixas deles como as rixas dos bêbados de taberna descrito por Fiódor Dostoiévski no sonho de um de seus personagens, o por assim dizer homem do subsolo (outro de seus personagens), o homem mau, Raskólnikov, do romance Crime e Castigo que eu estou há meses nas mãos com o volume de tal livro emprestado da Bíblioteca Pública Arthur Vianna, daqui da minha cidade de Belém do Pará, a capital do Estado do Pará, e ainda não acabei de ler por indisciplina, por eu ser em parte talvez um filisteu da cultura que tem livros e não os lê, e não raro por falta de gosto, eu sou meio romântico, gosto de fazer as coisas com gosto.


A ralé, o zé povinho, a massa indistinta de povo onde tudo é igual, nada é melhor, diria o poeta Antônio Machado, ela mesma se destrói em rixas, em cobiça, concupiscência, em mau gosto, ignorância, ganância por ser tão pobre que precisa fazer um pacto como diabo. Gente do gosto o mais baixo, aqui em Belém pelo tipo de música lixo que é o brega que eles gostam; as mulheres aqui em Belém e no Brasil todo, quiçá em todo o ocidente nas estações quentes, aqui na capital é sempre quente, elas se vestem como putas com shortinhos cravados nas suas bundas e pernas cheias de pregas celulites e com saias muito acima dos joelhos. Faxineiros, porteiros, empregadas domésticas em meio a tanta banalidade, baixeza acabam em brigas as mais mesquinhas entre eles e eu no meio deles acabo comendo tais farelos, sou desrespeitado mesmo eu sendo o filho de um patrão no meu prédio, o Condomínio do Edifício São Paulo no bairro de Nazaré, uns dois porteiros mal conseguem cumprimentar-me com um boa noite no turno deles, eles se chamam Antônio Gonzaga e Romilton. O primeiro já falou mal de mim na minha cara quando eu falei de uma tatuagem besta que ele tem no braço retratando o Pica-pau, e ele ousado disse que dói mais eu já ter dado o cu. Romilton, este último, faltando dentes na boa dele, certa vez, reclamou do meu cigarro que eu costumo apagá-lo antes de retornar ao edifício, eu, covarde semelhante à uma barata e rato, em uma raríssima vez mandei ele para bem longe por causa disso, depois retornei e pedi perdão ao cara, acho que indevidamente. Romilton cumprimenta efusivamente a outros moradores do São Paulo, a mim com frieza, não era assim até há um tempo atrás.


Onde estão os aristocratas do mundo? Talvez ainda haja algum no mundo islâmico, aqui no ocidente os melhores o são, porque têm mais dinheiro e bens cobiçados pelos socialistas, à espreita do que pertence àqueles, eles que são os burgueses, eles, a elite que restou, que ainda vende aos socialistas a corda para enforcá-los, porque eles, os burgueses, que por sua vez por cobiça de dinheiro e lucro acabam sendo alvo dos bandidos esquerdistas ao fazerem aliança com os escarlates da cor do dragão apocalíptico. A aristocracia, viscondes, condes, marqueses, barões, ela acabou no início de nossa era moderna burguesa, derrubada pelos burgueses que ainda com os enclousurers no Reino Unido, eles cercaram e assim roubaram as terras que eram de todos na Idade Média e tomaram-nas para si. Bem que os burgueses por seus pecados passados e presentes de gância, merecem a punição dos cruéis esquerdistas querendo roubar-lhes, semelhantes aos hebreus punidos pela Babilônia por seus pecados acusados em lágrimas abundantes pelo santo profeta Jeremias. Não que eu concorde com o roubo esquerdista, eu sou anticomunista ferrenho, que Deus me conserve assim, mas, materialismo por materialismo, comunistas e capitalistas se merecem e ainda estes últimos financiam os primeiros.


De onde pode vir uma nova aristocracia digna deste nome que não seja uma oligarquia seja socialista, seja de meros endinheirados capitalistas sem cultura ou espírito cristão algum em ambos os casos, sobretudo no primeiro caso? Como acabar com a demagogia que conduz as massas ignaras para o precipício que é o que ocorre nas democracias? Pode vir uma real aristocracia da Igreja Católica, dos seus santos, apesar de que a Igreja, hoje, está afundada em uma crise seríssima que faz seriamente crer-se que os papas pós-Vaticano II não são verdadeiramente papas, visto o primeiro deles, São João XXIII, ter escrito em sua encíclica Pacem in Terris que era para os cristãos fazerem acordos com comunistas sob o guiamento eclesiástico, sendo que o Papa Pio XII em seu Decretum contra Communismum condenou todo o acordo com comunistas ou mesmo simpatizantes a eles, os filosocialistas. Ainda tem o atual Papa Francisco que disse que sociologicamente ele é comunista e o Senhor Jesus Cristo, também, o seria comunista. Também para a canonização, hoje, não é mais exigido o advogado do diabo que de forma salutar e extremamente desafiadora tentava provar por A mais B que o candidato a santo não seria digno de tal título e se o candidato sobrevivesse a tal escrutínio ele seria canonizado o que fazia o processo durar séculos a fio.


Nada é melhor, tudo é igual, é o que vive o mundo hoje em um mundo de uma massa indistinta de zés ninguéns semelhantes a mim que ainda sou um covarde tão baixo e tantos outros zé manés banais.

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