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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

À luz dos gimnosofistas

Autoria: João Emiliano Martins Neto

 

Alexandre Magno encontra os gimnosofistas


Eu estava folheando, ontem, no computador um estudo em uma revista eletrônica de humanidades sobre a questão dos gimnosofistas (γυμνοσοφιστές) que eram aqueles sábios indianos dos séculos VI e V que teriam influenciado os filósofos gregos, ainda no início da Filosofia na Grécia. E, de fato, talvez possa ter havido um começo da Filosofia grega nos gimnosofistas, os sábios nus e com uma vida muito austera de grande ascetismo, pois eles pertencentes à uma escola heterodoxa do hinduísmo chamada jainismo, eles discordavam do excesso ritualístico dos brâmanes, assim inspirando um agnosticismo para o ocidente grego e para serem sábios preferiam não ter opinião, a opinião dos brâmanes, a fim de atingir a felicidade do sábio, o que no ocidente tomou o nome de ceticismo e a ataraxia, a impertubalidade de céticos, estóicos e epicuristas.

 

Os gimnosofistas, hoje. Monges nus da doutrina Digambara


Ou seja, o que a Filosofia no ocidente tem de si mesma se não estivesse à luz dos gimnosofistas, visto que o agnosticismo ou ceticismo de que se gaba o ocidente foi na verdade uma forma de questionar dos gimnosofistas em relação à sociedade de castas indiana em que viviam, questionar a pluralidade de deuses do hinduísmo e a complicada forma ritualística dos brâmanes.


A Filosofia ocidental, então, que se quer tão emancipada e emancipadora em seus marcadores principais iluministas e racionalistas como o agnosticismo e o ceticismo, se bem que o ceticismo remonta à Antiguidade, tem a sua origem não nos gregos, mas, nos despojados e rigorosos gimnosofistas indianos muito ligados à religião, que hoje e já na época dos gregos antigos pré-socráticos até aos dias de hoje é preterida. O que é a religião, então, pode ser algo de muito fecundo e pode ter sido a matriz da Filosofia.

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