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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

A defesa do debate, Kim Kataguri e a resposta católica ao liberalismo

Autoria: João Emiliano Martins Neto


No polêmico Flow Podcast do dia 7 de fevereiro de 2022 que custou a cabeça do jovem youtuber Bruno Monteiro Aiub, vulgo Monark, por acreditar que a liberdade sequestrada pelo liberalismo não se voltaria contra ele e contra o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), que agora o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e os bolsonaristas querem a cabeça dele. 

 

Deputado federal Kim Kataguiri


Kim Kataguiri, aquele mesmo jovem que na época das manifestações contra o governo Dilma Rousseff fez uma marcha servil rumo ao poder, em Brasília e não como aconselhou sabiamente Olavo de Carvalho, rumo ao povo que queria se livrar do poder dos corruptos de Brasília que o oprimem, contudo, Kim fez a defesa do debate. Disse ele: "O que eu defendo que acredito que o Monark também defenda é que por mais absurdo, idiota, antidemocrático, bizarro, tosco que o sujeito defenda, isso não deve ser crime - disse o deputado - Porque a melhor maneira de você reprimir uma ideia é (...) é você dando luz naquela ideia, para que, ela seja rechaçada e então socialmente rejeitada."


Porém, procurado pelo jornal O Globo, Kataguiri respondeu que sua fala foi "infeliz" ao falar de descriminalização total e que, na realidade, defendia que as pessoas tivessem acesso às obras para "repudiar os horrores do nazismo."


Diz o deputado Kataguiri em resposta ao senador Renan Calheiros que pede a sua cassação:


"Não faz sentido eu ter o meu mandato cassado por fazer um discurso antinazista, e por defender que a melhor maneira de derrotar as ideias nazistas, de sufocar e garantir que a tragédia do Holocausto nunca mais aconteça novamente é expondo os horrores das obras nazistas. Foi isso que eu defendi. Fui infeliz ao falar de descriminalização total do nazismo quando eu estava me referindo às obras, que as pessoas tenham acesso às obras, como a comunidade judaica alemã defende (segue-se, abaixo, as manchetes nos sites brasileiros dos alemães judeus em defesa da publicação de literatura nazista), justamente para repudiar os horrores do nazismo. É uma injustiça me colocarem a pecha de nazista quando toda a minha participação no programa foi no sentido de qual é a melhor maneira de definitivamente derrotar o nazismo."

 






Kim Kataguiri reconheceu que falhou no Flow Podcast em representar os judeus:


"O primeiro ponto que precisa ficar claro é que eu não defendo criação de partido nazista. Quando o Monark falou aquela atrocidades, eu falhei em representar a comunidade judaica como deveria."


***


Agora a resposta católica ao liberalismo que como uma serpente traiçoeira deu um bote em seus devotos defensores, Monark e Kim Kataguiri.


O Santo Padre Gregório XVI, na encíclica Mirari vos, diz que a liberdade de consciência é um delírio. Que a liberdade de expressão e de imprensa são perniciosas.

 

Papa Gregório XVI


Uma coisa eu noto, como pode haver liberdade de consciência, se, por exemplo, ao tomarmos consciência que está chovendo o que a consciência da chuva pode nos dar de informação? É de que no mínimo vamos nos molhar se sairmos à chuva. Ou que pode acontecer um alagamento, um transbordar ou até mesmo um dilúvio. A consciência de alguma coisa torna cativo o homem da responsabilidade diante do que ele tomou consciência e que pode ser algo temível, de grande responsabilidade, seriedade e importância, até mesmo atroz, as declarações de Monark querendo dar mais vez e voz à temível extrema-direita moderna que chega ao ponto do nazismo genocida. A liberdade de consciência, então, eu entendo que seja assim, é para quem seja muito irresponsável, leviano, cruel até diante da importância vital do que toma consciência. Posso estar enganado, mas, eu entendo assim uma crítica à tal liberdade de consciência e eu acho que é isso o que quis dizer o Papa Gregório XVI no século XIX em resposta ao liberalismo de Felicité Lamennais.


O excelente Conde Loppeux em vídeo de hoje em seu canal no site YouTube bem diz, neste vídeo aqui :


"A liberdade de consciência para o liberal está dissociada da verdade, da realidade, que está dissociada de qualquer critério factual. Na verdade o liberal ao dissociar a liberdade de opinião da verdade, ele transforma tudo em opinião e ao transformar tudo em opinião não se tem os critérios para saber o que é verdade e o que é erro. Portanto, quando o liberal afirma que todas as ideias podem ser pregadas indiscriminadamente ou todas as ideias podem ser defendidas já não existe o palco para a verdade e o erro e o palco para o quanto tais opiniões podem ser benéficas ou perniciosas."


Conde Loppeux cita uma bibliografia que é o livro O Protestantismo comparado ao Catolicismo, de autoria do padre catalão Jaime Balmes. O padre comenta a tolerância universal pregada pelos liberais do século XIX, em particular pelos liberais espanhóis. O padre diz que a tolerância absoluta é absurda porque há coisas intoleráveis por questões éticas, morais, por uma questão de juízo racional. Entra a questão da liberdade religiosa dos liberais oitocentistas. Afirma o padre, "Nós devemos ter tolerância à uma religião ou à uma prática dita religiosa que faz sacrifícios humanos? Não," afirma o padre. "Por que? Porque essa prática atenta contra a lei natural e a dignidade das pessoas."


Eis a resposta católica para o liberalismo traiçoeiro que na verdade é libertinagem, é licença para o mal e que é o sequestro da liberdade, ainda que eu considere a liberdade um princípio, pois que mesmo as melhores coisas, ou a melhor de todas, o bem maior, Deus, se for forçosamente imposto a alguém pode ser um grande mau, porque cada um sabe onde lhe aperta o sapato, porque o próprio Deus quer filhos que O amem e ninguém ama forçosamente, posto que amar é uma escolha. E, conforme disse Monark, há o direito de se ser idiota, há o direito de errar, quem de nós nunca errou que atire a primeira pedra. Cada um sabe onde lhe aperta o sapato seria o outro nome para as causas segundas, mas que os santos mártires por algo como Deus souberam não regatear o próprio sangue. No entanto, felicidade e liberdade, eu vejo como inegociáveis, a menos que seja para alguém felicidade e liberdade algo de concretamente maligno, a exemplo do próprio nazismo. Liberdade é algo de tão importante, a menos que o próprio Deus, o Bem, manifeste-se para alguém pessoalmente e Ele não o fará, - o que prova que Deus quer de nós seres livres - até porque se o fizesse, Deus tiraria toda a liberdade de tal pessoa, ensina o padre nazifascista bolsonarista Paulo Ricardo de Azevedo Júnior que não quer nenhum direito para nós, gays, todavia, diz o padre em um momento de lucidez, que cessaria toda a liberdade do homem se Deus a ele aparecesse, pois que diante do próprio Deus não há qualquer outra coisa que se possa livremente querer por estar infinitamente abaixo de Deus.

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