Autoria: João Emiliano Martins Neto
Filosofar é uma atividade pedestre. É como andar nas ruas ou caminhos vendo coisas, lugares, pessoas, observando e contemplando feiura e belezas, desviando-se de empecilhos como pessoas, pedras, buracos, atravessando nos sinais de trânsito, alguns lugares no Brasil chamam-nos semáforos, sinais ou sinaleiras. É desviar-se e evitar loucos nas ruas ou pessoas perigosas, assaltantes, vagabundos ou desviando-se de gente preta de tão pobre, diria Caetano Veloso; é desviar-se de crianças correndo em tua direção para pelo menos ampará-las paternalmente. Filosofar é desviar-se de carros ou motocicletas que invadam a calçada ou que estejam saindo de garagens de casas ou edifícios ao longo do caminho ou atravessar as ruas desviando-se de carros, até mesmo caminhões e motocicletas que podem vir na direção do filósofo em alta velocidade. É filosofar a atividade pedestre de quem sente o calor e o frio da grande rua ou caminho que é o mundo para a compreensão do mais real acerca do mundo.
Filosofar é algo pedestre, conforme diz o grande filósofo Paulo Ghiraldelli Júnior, porque é agir como Sócrates, que no caminho e rua do mundo, com o objetivo cândido dele de querer simplesmente esclarecer, dá-se conta com coisas banais que podemos tropeçar em meio ao caminho e começa a meditar acerca delas, desbanalizando-as ou a Filosofia como desbanalização do banal, ensina Ghiraldelli ou a Filosofia sendo algo à maneira de ver algo de incomum no comum, dizia o filósofo genial alemão, Josef Pieper.
Filosofar ainda é algo pedestre mesmo em nossa época moderna ou contemporânea que quis teoricamente e na prática abolir a Filosofia quando estabeleceu um sujeito absoluto impossível, por que como ele soube que é sujeito absoluto se em nenhum instante ele foi objeto para si mesmo já que na modernidade era apenas um sono dogmático, dizia Immanuel Kant, arcaico medieval e antigo o voltar-se para objeto? Mas, mesmo na modernidade ou contemporaneidade psicótica filosofar ainda é algo pedestre ainda que o pedestre em tal época tenha tornado-se como louco, bêbado ou drogado, pois em seu subjetivismo, o sujeito, o homem, ele mesmo é a rua e caminho de si mesmo, sendo somente o homem o tema central e tudo.
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