Autoria: João Emiliano Martins Neto
Ontem eu encomendei uma biografia excelente sobre o reformador revolucionário Martinho Lutero de autoria de um escritor francês, Frantz Funck-Bretano, em nova edição editada por uma editora ligada à Associação Cultural Montfort, é a editora a Flos Cameli. Eu já havia comprado esse livro anteriormente, mas a edição está tão antiga, é do ano de 1947, que o livro está se desfazendo.
Martinho Lutero foi uma revolução no cristianismo, ele incorporou a revolução que era para ser sempre o cristianismo, porque o que há de interessante na vida de gente boazinha e obediente beirando ao moralismo e até ao farisaísmo, aparentemente poderia-se dizer, dos santos e a vida temperada, apimentada, que realmente dividiu a História de medieval para moderna, com todos os problemas disso, de um Lutero que fez valer a graça ao dizer, por exemplo, que se o diabo te tentar com bebedeira, bebe mais um pouco em nome de Jesus? Graça é de graça, se pagamos para recebê-la foi-se a graça e segue-se que Deus tem uma dívida para com o homem e quem salva é Jesus Cristo que saibam todos os sóbrios e não a sua própria sobriedade beirando ao moralismo e ao farisaísmo.
Martinho Lutero já não sabia mais como agradar a Deus, mostra Funck-Brentano em seu livro, ele era extremamente penitente e servo sofredor, mas e como fica a revolução do cristianismo ou a verdadeira redescoberta do cristianismo do que seja a natureza humana que é sua insuficiência, o seu débito ontológico insanável, a sua ferida e chaga do pecado que lança o homem automaticamente ao pecado, reconhece São Paulo (Romanos, capítulo 7), logo, parece não haver liberdade para o homem, e o homem incapaz de aplacar a sua justa, santa e reta consciência a acusá-lo onde reina em seu trono Deus que inscreveu em sua consciência as sua leis?
A sabedoria da fé que não pressupõe o trabalho, a boa obra, reconheceu o próprio São Paulo em carta dele aos romanos (capítulo 4 e versículo 5) eu não teria dúvidas de dizer que é a grande sabedoria e revolução do cristianismo, porque a justiça tão buscada em seu verdadeiro sentido por um justo como o filósofo Sócrates, foi tal justiça convertida por Deus no evangelho, revelada no evangelho de fé em fé, ex fide in fidem, por fé em Jesus Cristo do princípio ao fim, disse São Paulo também aos romanos (capítulo 1 e versículo 17) e redescoberta por Lutero à luz de velas em seu humilde aposento, pois conclui São Paulo repetindo o profeta Hababuque, justus autem ex fide vivit, o justo viverá por fé.
Dá até pena não ser luterano, protestante, diante de uma vida tão luminosa e reveladora como a de Lutero. Uma vida com um testemunho tão marcante e de uma vida tão na raiz influenciada pelas ideias cristãs no que elas têm de contrário ao senso comum mais vulgar que converte o cristianismo em um neofarisaísmo orgulhoso, satânico de forma sutilíssima, de fazer-se boas obras. Mas, eu julgo mais prudente ser católico romano, pois que sabendo que, tudo bem, a justiça de Deus vem da fé, a fé é a raiz de nossa justificação, reconhece o Papa São Pio X, todavia, sem moralismo ou muito menos farisaísmo, as boas obras são o fruto de tal raiz a tornar o mundo no lugar de um deserto árido de ideias ou de uma terra arrasada pelo diabo fazendo guerra contra o homem, com as suas boas obras o homem torna o mundo em um pomar e antes com a presença dos santos em forma de flores a alegrar o jardim e lavoura do mundo.
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