Autoria: João Emiliano Martins Neto
Eu, um vagabundo gente boa, acho que sou, sim. Passo o dia descendo para a rua a fim de fumar o meu cigarro de tabaco, vou vestido com cueca por debaixo da bermuda, não tiro a camisa na rua, rezo enquanto fumo acho eu que belas orações mentais espontâneas para os santos, para Santo Antônio Maria Zaccaria, para a Santa Virgem Maria, a Soberana, admito que eu sou doente mental e homossexual para vários que encontro na rua de casa e para aquele ferrado na vida, drogado vergonha para a família, o tal Imperador, flanelinha.
Eu, um vagabundo gente boa e assumido, apesar de nos últimos tempos eu estar um tanto ex-vagabundo, graças a Deus, depois de anos vitimado e prostado por duas doenças insidiosas, a mental e a homossexual. Dizia que eu estou ex-vagabundo por fazer pequenos serviços diários para um camelô na minha rua e ultimamente eu fui procurar emprego, deixei currículos por aí. A cada vez que eu desço para fumar eu devo deixar louco aquele outro ferrado na vida, Gabriel faxineiro e porteiro que a cada descida minha, talvez entre uma oportunidade dele de ir ao banheiro, ele precisa abrir a porta para eu sair ou entrar, mais a cara dele fica amuada; cara amuada de nós, brasileiros, tristonhos, depressivos, amaldiçoados neste continente puñetero latinoamericano.
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