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segunda-feira, 29 de março de 2021

Semana Santa - do amor ao ódio ao bem

Autoria: João Emiliano Martins Neto

 


Nós, cristãos católicos, estamos na chamada Semana Maior, a Semana Santa que vai até o dia da Solenidade da Páscoa da Ressurreição do Senhor no domingo próximo. Começamos ontem no domingo de Ramos e Paixão do Senhor. Ontem de uma vez só vimos na liturgia da Palavra o nosso caminho humano de amor e ódio ao bem, amor e ódio à sabedoria, a Deus.

 

Jesus Cristo foi homenageado pelas pessoas em sua entrada triunfal e humilde em Jerusalém com o povo depondo vestes e palmas de plantas ao chão onde pisou o jumentinho em que estava montado o Salvador. Depois na mesma liturgia presenciamos a última ceia com a instituição da Eucaristia e a traição de Judas Iscariotes. Em seguida contemplamos a agonia mortal de Cristo no jardim das aflições que é o horto das oliveiras, a prisão de Cristo a mando do Sinédrio. Cristo diante de Pôncio Pilatos que na sua prática política se ele não sabia o que era a verdade e questionou acerca da mesma diante de Cristo, mas algo de verdade é que ele não via nenhum crime em Jesus. Contemplamos em seguida a via dolorosa de Cristo rumo ao monte da caveira até a sua crucificação e morte.


É digno de nota a disparidade, a relação de amor e ódio, que nós, homens temos com relação ao que é o bem e a verdade. Primeiro na entrada triunfal em Jerusalém é capaz o homem de receber com alegria aquele que alegou ser a verdade, o Cristo, a quem São Paulo, o apóstolo, chamou de sabedoria de Deus, e o Verbo divino, segundo São João. Uma tal alegria diante da promessa de verdade, sabedoria, luz, sentimos nós, que queremos ser estudantes de Filosofia, quando optamos por estudar o amor ao saber que é a Filosofia, todavia, diante da atividade árdua que é a busca do conhecimento, fundamentalmente a pesquisa da estrutura do real que é a pesquisa filosófica, desviamo-nos incontáveis vezes do que é o mais real, hoje em Filosofia evitam-se estudos metafísicos que é a busca do que seja a estrutura do real, ou míopes erramos miseravelmente em nossas conclusões sobre o que seja o mais real, verdadeiro, sábio. 

 

Diante de Pilatos o Cristo disse que quem é da verdade ouve a sua voz e Pilatos perguntou-lhe em que consistia a verdade, "quid est veritas", sendo que Pilatos mesmo não viu crime algum no Cristo. Algo da verdade estava-lhe diante dos olhos, contudo o procurador romano na Judeia ainda colocou-se como em uma condição de cegueira em relação ao real, à verdade, porque certamente seus olhos tinham o cisco de querer agradar o imperador romano que não suportaria disputar com Cristo o senhorio sobre o mundo.

 

O ódio à verdade chegou ao máximo quando o povo gritou diante de Pilatos para que Jesus fosse crucificado e que como profetizou o sumo sacerdote Caifás que um só, Jesus Cristo, fosse sacrificado injustamente para que toda a população judia não perecesse merecidamente.

 

A verdade liberta, disse Jesus. A verdade ilumina, Jesus é a luz do mundo, mas ao mesmo tempo a verdade por sua luz torna bem nítido diante de nossos olhos os contornos e estrutura do real que pode e é bem feio, a condição degenerada humana pelo pecado. Tal visão terrível pode, de fato, libertar-nos do pecado e do mal que nos deforma, só que a nossa vergonha de nossa nudez e maldade nossa de também vermos com malícia a inocência nossa de estarmos nus, tal qual crianças, quando ainda obedecíamos a Deus, tal visão esmaga-nos. Por esmagar-nos queremos a morte da luz, que tal lâmpada se apague, que a verdade não esteja como está diante de nossos olhos. Queremos que a sabedoria seja um besteirol, segue-se que crucificamos o Cristo mesmo que como Pilatos queiramos livrá-lo da injusta condenação imposta pelos pérfidos judeus, figura que eles são da perfídia de todos nós com relação à verdade, ainda que pagãos como Pilatos não estejamos no fundo do inferno em que se encontravam os líderes judeus e a ralé de povo judeu que o queria condenar o seu Messias verdadeiro à crucificação e até aos dias de hoje, porque a maioria dos judeus não querem ser cristãos.

 

Eis a Semana Maior, a Semana Santa até a Páscoa em um só dia, no dia de ontem de Domingos de Ramos e Paixão do Senhor. Eis o nosso relacionamento humano ambíguo, débil, cego e prático desorientado qual foi a atitude de Pôncio Pilatos, diante da verdade e do bem. Eis em particular a situação dos judeus até aos dias de hoje que tendo a Lei, os profetas e os escritos estão em um sono de morte profundo de quem não quer aceitar Jesus como o Cristo. Que vivamos esta Semana Santa prevenidos pelo que ocorreu nas divinas e dolorosas estações de Cristo, a fim de firmamos o nosso compromisso com o que é a verdade e o bem que é Deus que revelou-se, veio em nosso socorro, pois o último e mais sábio de todos os filósofos com toda a verdade nas mãos não existe, e por nós Deus Jesus Cristo reconciliou-nos na cruz e em sua ressurreição gloriosa, fez a paz entre nós e a verdade e o bem às quais devíamos uma dívida impagável que encher-nos-ia de vergonha, esmagaria-nos e matar-nos-ia com toda a justiça. E rezemos pela conversão dos judeus, a Igreja reza por eles na Sexta-feira Santa, pois que filosoficamente, de forma natural, a verdade sendo o Cristo é mais difícil de ser apreendida, mas com o auxílio da Bíblia Sagrada, cujo Antigo Testamento é a escritura dos hebreus, a verdade e a sabedoria plena revelada na Escritura torna-os indesculpáveis.

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