Autoria: João Emiliano Martins Neto
A Filosofia é um estudo que parte da razão natural humana a fim de algo saber sobre o mundo. A Filosofia dispensa o dado revelado na Bíblia Sagrada ou em outros livros sagrados e dispensa a autoridade como a de instituições sagradas a exemplo da Igreja Católica, apesar de que outrora, na Idade Média, a Filosofia era serva da Sagrada Teologia.
Mas, hoje observando rapidamente a imagem de um anjo em um colégio religioso dos maristas daqui de minha cidade de Belém, a capital do Estado do Pará, eu julguei que poderia falar racionalmente sobre a questão dos anjos, os anjos e a Filosofia.
Os anjos são puro espírito, não tem corpo, não ocupam lugar algum e agem concentrando o bem ou o mal, no caso dos demônios, que há em si em determinado lugar físico ou pessoa, assim ensina a Sagrada Teologia e a Igreja Católica. Racionalmente eu penso que pode-se convir na existência de anjos, passando pelas aparições dos tais na história sagrada bíblica e na vida de tantas pessoas, sobretudo os místicos e santos, levando-se em conta que o anjo é a realização do homem, algo bem conhecido empiricamente e um dado do mundo, que é algo de incorpóreo em sua própria racionalidade, sentimento, consciência e vontade, liberdade.
O homem como um composto de corpo e alma vê-se atrelado ao corpo que crucifica e deprime a sua alma em vista dos desejos e paixões do corpo, desejo por prazer, fome, frio, calor, cansaço, dor e sofrimento, doenças. Assim como, diria Michel Foucault bem explicado por Paulo Ghiraldelli Júnior, a alma escraviza o corpo, outorgando no mundo pessoas feias e disformes em conformidade com suas almas malignas. O anjo, puro espírito, se pudermos pelo menos imaginar um ser assim, é a realização da humanidade livre de uma carcaça, o corpo, que deve arrastar e que é o homem, contudo, muitas vezes não é o homem que quer fazer o bem, entretanto, o mal faz o homem, fazendo-o pecar em vista das paixões do corpo. Cognitivamente o corpo, no cérebro, faz o homem usar a sua razão, conhecer, muito pouco a pouco, deduzindo, enquanto isso os autores sagrados e a Igreja Católica em sua autoridade diz que o anjo conhece tudo por intuição, de uma vez só, sem passar pelo processo analítico que decompõe o que lhe chega e estuda o mundo por partes, conforme o processo dedutivo.
A imaginação, excetuando-se o dado revelado e ensinado pela Igreja Católica, o cristianismo, não vinculando a Filosofia forçosamente a aceitar o dado revelado e autoridade nenhuma, além das alegadas aparições de anjos, podem autorizar a Filosofia ponderar racionalmente à existência dos anjos, incluindo-se, como já dito, as misteriosas aparições de anjos, junto, à também mencionada, imaginação, podem conduzir à uma abordagem filosófica angeológica. Pode-se pelo menos analisar, deduzir a questão, algo tal qual o anjo, fazendo-nos entrever que em grande parte o homem é um anjo visível e empírico somado à um corpo à maneira dos animais, sendo-lhes em um certo sentido fisicamente inferior até, pois se o homem tem mãos hábeis e pode andar decentemente na estação vertical, não tem o homem garras, nem dentes caninos grandes e afiados, pelos para cobrir-lhe a frágil pele contra o frio, por exemplo, não pode o homem voar, nem correr de forma lépida, nem subir em árvores e outros lugares com facilidade, todas possibilidades que o corpo melhor dotado dos animais têm tais possibilidades. O homem tem um corpo, um corpo que por sua delicadeza e beleza já vai como que deixando este mundo físico para trás e aproxima-o do céu, do anjo, da pura razão, a consideração a respeito do infinito, ainda que a Filosofia aborde a finitude e pela finitude humana.
Pode-se, por conseguinte, pelo menos imaginar partindo do homem em suas potências incorpóreas, como dito, razão, liberdade, sentimento e consciência que o anjo existe, a partir do homem que é uma ponte entre o animal e o anjo. O anjo, um modelo de homem, e o homem uma sombra de anjo, por assim dizer é o anjo um homem perfeito e realizado, mais capaz cognitivamente, enfim, inteligente e livre da face bestial do mundo é o anjo, porque o mundo e sua compreensão, inclusive, seja o mundo natural animal e do homem é pela mente como a dos anjos, em a qual o homem participa de certa forma é melhor compreendida, se é que os anjos existem e eu um fiel cristão acho que os anjos existem.
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