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domingo, 11 de dezembro de 2022

Fé ou fé ínfima. Fé que se tem ou não se tem

Autoria: João Emiliano Martins Neto


Transfiguração de Jesus no monte Tabor


Ontem eu conversava com um vizinho meu, por acaso, na rua, na avenida Nossa Senhora Senhora de Nazaré que fica no bairro de Nazaré da minha cidade de Belém do Pará, no retorno da Santa Missa do terceiro domingo do tempo do Advento. Eu costumo cumprir o preceito do domingo no horário das primeras vésperas, já ao meio-dia de sábado, assistindo ao Santo Sacrifício na Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro. E eu dizia para ele que as vezes eu tenho fé e as vezes não a tenho. Disse-lhe que a minha fé é claudicante. Muitas vezes nas redes sociais que é o novo Areópago, praça pública, assembleia dos cidadãos e parlamento públicos eu deixei de falar do catolicismo romano, porque minha fé fraquejou, sobretudo por causa da questão da homossexualidade como se o meu corpo tal qual o corpo, a pessoa de Jesus Cristo, Ele verdadeiro homem semelhante a mim, Ele não tivesse se transfigurado no monte Tabor fazendo a sua pobre imanência humana pó e cinza e vaso de barro, humana demasiado humana que Ele assumiu para nos salvar não tivesse naquele monte sido o núcleo de onde brilhou a transcendência, o mais Alto, fazendo o fragmento humano que o Logos assumiu brilhasse com toda a glória e poder devidas a Deus. Meu vizinho me respondeu que fé ou se tem ou não se tem. Eu acho que a minha fé talvez seja ínfima e eu dizia para ele que eu sou sofisticado, sou gente ligada à academia e que a fé é dos simples e dos ignorantes. Ele se mostrou um tanto humilhado que a fé cristã é para os simples, quase eu lhe dizia que é dos ignorantes e burros, burro já seria um exagero. Realmente a fé cristã é dos simples e não dos sofisticados, eu disse a ele que eu seria daqueles sofisticados e que nas palavras de Cristo, Ele deu graças a Deus, porque revelou o Pai tais coisas do Alto e transcendentes aos pequeninos (São Mateus 11, 25).


Parábola do grão de mostarda


Ele sentiu-se um tanto ofendido em seus brios, então, eu retorqui-lhe, até para remediar que é pior para quem se ache sofisticado. Está escrito que Deus pega os sábios na sua astúcia (Jó 5, 13), que é o contrário da verdadeira sabedoria. Também se o me vizinho se melindrou em seus brios, talvez ele deva aprender a ser humilde, porque Deus vê de longe o altivo (Salmo 137, 6). Aliás, o termo sofisticado vem dos sofistas que opunham-se a Sócrates que acreditava na verdade, enquanto os sofistas vinham com seus discursos brilhantes, "narrativas", diríamos hoje, suas ideologias, mas, ocos por dentro para vendê-los à juventude ateniense que sonhava em conquistar algum cargo político na democracia de Atenas. O discurso deles era oco, era uma demagogia que é algo muito próprio do que é democrático em todos os tempos, que o diga Protágoras que relativista dizia que o homem é a medida de todas as coisas subordinando a verdade ao domínio e à conveniêmcia humana.


Pior para alguém como eu que se ache sofisticado, seja alguém duro para crer e assim mereça ser repreendido por Jesus Cristo tal qual Ele repreendeu os seus onze discípulos, pois eles não creram naqueles que o tinham visto ressuscitado (São Marcos 16, 14) e o mundo deve crer no testemunho da Igreja Católica Apostólica Romana na pessoa dos bispos do mundo inteiro em comunhão com o Papa que são os sucessores dos apóstolos que viram o Senhor ressuscitado. Duro para crer e não queira rebaixar-se à simples verdade e é a Filosofia o espírito mesmo de simplicidade, dizia o grande filósofo Henri Bergson. A fé é um dom de Deus e para Ele já basta a fé do tamanho mínimo de um grão de mostarda (São Mateus 13, 31-32) para mover montanhas. Mostra-se a fé nas mais terríveis situações tal qual a atual guerra da Rússia contra a Ucrânia, imaginemos o quanto é preciso de fé um povo qual o ucraniano e rezemos para que os ucranianos diante desse embate possam ter uma fé do tamanho pelo menos mínimo de um grão de mostarda, e que não tenham a fé talvez ínfima que é ao que parece a minha como se eu não pudesse ir além nem mesmo do nível dos animais que buscam o cruzamento sexual a todo custo, o ser humano deve dar o passo da razão e começar aí a superar o desejo sexual desregrado até chegarem superando a razão, ao homem piedoso, metafísico ou espiritual que deve dar o passo além rumo ao mistério que ultrapassa-lhe a razão.

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