Autoria: João Emiliano Martins Neto
Estátua em bronze de Niccolò Tommaseo (Veneza) |
Certa vez eu conheci um rapaz aqui na minha cidade natal de Belém do Pará, ali na praça da República, e fomos beber e fazer sexo em outra praça a de Batista Campos. Não te espantes, caro leitor, sexo na rua é além de fetiche é o que resta que os conservadores jumentos homofóbicos designam para quem comete o antigamente chamado de "pecado nefando". Na Batista eu pude experimentar um iniciozinho do que seria um namoro. Eu nunca soube o que é namorar, porque duas doenças afetavam-me, uma a minha doença mental, o transtorno bipolar, que como o nome diz, transtornou a minha vida, não muito pelo oscilar entre os estados eufórico e depressivo, porque o depressivo eu nunca tive, mas por causa da psicose que acometia-me, eu saía da realidade e na euforia ou próximo dela eu ficava muito irritado brigando com as duas toupeiras sem sabedoria que são os meus pais.
A outra doença é o bolsonarismo que sempre afetou o Brasil antes mesmo do advento de Jair Messias Bolsonaro como sequer um remoto candidato a ser uma liderança nacional. Este povo maldito brasileiro sempre foi burro, porque preconceituoso, retrógrado como se nunca tivesse lido a frase de Niccolò Tommaseo que escreveu, veritas filia temporis, a verdade é filha do tempo. Povo desgraçado conservador, hoje evangélico que dá dinheiro e poder para Samuel Câmara acusado de lavagem de dinheiro e foi réu por fraude trabalhista e administrativa que o diga o site JusBrasil, povo outrora católico quando a Igreja Católica pré-Vaitcano II era um tipo de seita fascista que tanto estigmatizou o comunismo.
Na Batista Campos eu pude experimentar o que eu nunca havia experimentado bem, antes, que foi dar uns beijinhos e abraços românticos e enamorados. Recordo-me, porém, agora, ao começar este parágrafo que muitos anos antes eu conheci em uma boate gay aqui em Belém, ali na finada Doctor Dance, um rapaz que gostou de mim, todavia, infelizmente eu o traí, ele flagrou a traição e deixou-me.
É isso, em meio a tanta doença, loucura e burrice imbrincadas, alguma vez na vida eu já pude experimentar Eros, ainda que como um iniciozinho e na Doctor um iniciozinho, também. É a homossexualidade mesmo não sendo algo que venha de uma complentariedade afetiva verdadeira: homem e mulher, diz mais ou menos assim o atual Catecismo da Igreja Católica, contudo, se até com cachorro o homem apega-se quanto mais com o ser humano, seja ele de que sexo for.
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