Autoria: João Emiliano Martins Neto
Cena do féretro e velório do corpo da personagem "Firmino" da refilmagem do ano de 2024 da novela Renascer |
Interessante que no capítulo de ontem, dia 30 de janeiro deste ano de 2024, da refilmagem da novela Renascer não tinha ninguém ou praticamente ninguém para chorar e beber com cachaça o defunto da personagem Firmino, um sujeito pérfido, maligno e ganancioso, "coroné" das fazendas de cacau do interior do Estado da Bahia, um pretendente a assassino e que chegou a infestar com a praga "vassoura de bruxa" as plantações de seu desafeto Berlarmino para inculpar a personagem principal José Inocêncio. Belarmino foi misteriosamente assassinado não sem antes tentar matar a personagem principal do folhetim. Belarmino deu cabo da vida de Firmino amordaçando-o em seu próprio carro e afogando-o em sementes de cacau de suas terras. O homem Firmino era tão ruim que ninguém foi lamentar a sua morte a não ser a esposa muito chorosa ali e o filho único do dito cujo, o rapaz permaneceu quase que impassível diante do féretro do pai.
No dia 2 de março do ano de 1987 quando morreu um de meus avós, o meu avô materno, Glanair Venãncio de Alcântara, além das duas filhas, minha mãe, Marcina Martins e uma de minhas tias, Rosemary Alcãntara dos Reis, meu pai, a viúva a Dona Iracema ou Dona Irá hoje já falecida em idade muito avançada, eu criança à época, e havia também uma senhorinha ali que se eu bem me recordo parecia sentida e pelo menos rezava diante do caixão. Bom, uma mulher ali era até de se esperar, penso que haviam outras ali, visto que meu avô foi homem de muitas mulheres na vida.
Até por mim e eu estando em vida já choraram por mim, meu pai chorou por eu ser homossexual e doente mental. Por eu ser homossexual era tragédia ainda nos idos dos anos 1990 aqui nos cafudós do Judas que é Belém do Pará, ele que soube que eu sou invertido por obra e graça de um sujeito que apaixonou-se por mim chamado Josiel que também o chamam de Joelson, ele que chegou a estapear-me, louco de paixão, na frente de uma boate gay aqui em Belém, a finada Doctor Dance que ficava ali na Travessa Boaventura da Silva quase esquina com a Travessa Quintino Bocaiúva, no bairro do Reduto. Eu até corri o risco de ser ferido por ele, pois Josiel, um cabelereiro profissão comum de nós invertidos, andava com uma tesourinha no bolso. O elemento ligou de madrugada para minha casa para dizer que eu sou homossexual e que eu estaria lá na referida boate.
Choraram por mim em vida por eu ter nascido duplamente morto, homossexual e doente mental, e uma mocinha em um cursinho pré-vestibular que eu frequentei no começo dos anos 2000, o Unificado que ficava ali na Travessa Doutor Moraes entre as avenidas Comandante Braz de Aguiar e a Gentil Bittencourt onde no tempo presente em um quintal ali eu já curti fisicamente e muito prazerosamente o amor que não ousa dizer o nome, ela chorava demais por mim, ela que apaixonou-se perdidamente pela minha pessoa e eu, miserável, homossexual, nada podia fazer. Ela chegou até a ter um pesadelo em que eu era um medonho travesti hoje diria-se um transexual, dada a moda atual do tal "gênero", a transexualidade.
Já choraram por mim, por minha causa, em vida, até já choraram demais, eu espero que depois que eu morra hajam carpideiras sinceras em meu velório que eu espero que seja um velório digno de um católico, de fato, católico, sem os impedimentos, pelo menos sem os impedimenttos do antigo Código de Direito Canônico, longe por exemplo da culpa da prática do amor que ousa dizer o nome para o meu corpo ter merecidamente, ao menos segundo a antiga regra canônica, uma sepultura eclesiástica. Eu acho que normalmente quem causa muito pranto nos outros em vida, quando tal pessoa morre a fonte já secou e os vivos veem a até que enfim morte do tal como um alívio e alegria para o mundo.
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