Autoria: João Emiliano Martins Neto
É curiosa o tipo de perdição que arrisca ser a minha vida, porque é uma perdição intra muros. Eu basicamente posso perder-me vivendo na casa dos meus pais, às custas deles. Eu perdi uma boa parte de meus melhores anos sofrendo de uma doença mental gravíssima na época não diagnosticada que é o transtorno bipolar, apesar de eu tomar hoje os meus medicamentos controlados e basicamente poder ter uma sobrevida normal dado os sintomas de minha enfermidade com a medicação encontrarem remissão, e por isso mesmo eu não posso ser aposentado. Mas, eu sou muito preguiçoso. Eu acordo-me, quando cedo, com muito mau humor, então, fico com preguiça de sair para trabalhar ou pelo menos para procurar emprego, coisa que eu já fiz e não o encontrei; eu também vou empurrando com a barriga os meus estudos para disputar uma vaga na universidade, eu quero cursar a filosofia em uma faculdade estatal. Certa vez eu fiz um esforço mental tão grande que deixou-me perturbado gente na rua percebeu a minha perturbação, eu devo ser frágil mentalmente.
Minha perdição tende a ser intra muros, há filhos que se perdem extra muros, bem longe dos pais no vasto mundão afora, que o diga a personagem Arturzinho da novela Tieta que estreou no dia 14 de agosto do ano de 1989, filho do Coronel Artur da Tapitanga que ao ouvir falar o filho desnaturado que há mais de dez anos não manda notícia, e quando foi embora ainda achou pouco o muito dinheiro que o pai lhe deu, o pai começa a soluçar passando mal. Arthurzinho ainda jovem chegou a perseguir Tieta nas areias de Mangue Seco a cavalo ao ponto de jogá-la na areia e feri-la.
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