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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Uma emergência do meu eu substancial

Autoria: João Emiliano Martins Neto




A primeira recordação que eu tenho de mim mesmo, digamos que uma emergência do meu eu substancial, sou eu pequeno acho que de chupeta na boca perto de uma de minhas irmãs, também com chupeta na boca, ela ainda engatinhava. Depois o que contam de mim mesmo é que eu era um menino muito retraído e tímido na escola, ali na Sociedade Civil Colégio Moderno, hoje Universidade Maurício de Nassau (UNINASSAU), aqui na minha cidade natal de Belém do Pará, cidade onde eu moro a vinda inteira. Na escola eu sofri todo o tipo do chamado bullying a minha vida toda escolar desde bullying racista por causa de meu cabelo crespo até que um dia acabei linchado por todos os moleques da escola no meu último ano como estudante do Moderno, ano 1991.


Nem vou falar de quando eu estudei em colégios como Santo Antônio das irmãs de Santa Dorotéia, colégios de freiras que não usavam hábito já naquela época de 1992 a 1996 e na aula de religião de um tal de Williame ou William ele passou o clipe da canção Erotica da Madonna no lugar de ensinar catecismo. Ou no Centro Educacional Olimpus, ali o bullying ocorreu da mesma forma. Um dos estudantes disse que eu era famoso. Eu sempre me senti em todas essas ocasiões como que um zumbi, inconsciente de mim mesmo, se é que, baseando-me na filosofia de Olavo de Carvalho, os termos consciente e inconsciente, o pensamento, deem conta do eu substancial, do indivíduo enquanto presença entitativa, do real o mais próprio e referente ao homem tomado um a um que é o que concretamente se tem do que e de quem seja o homem. No Olimpus eu era visto como um homossexual vulgar. No último dia ali, ano 1997, eu fui xingado de "veadinho" por umas meninas machistas e homofóbicas, o que prova que o comum das mulheres é odiar elas mesmas, o filósofo Friedrich Nietzsche em seus maravilhosos pensamentos misóginos já fez referência. A mulher diante do espelho odeia o que é feminino nelas mesmas e em nós, gays. Nós, gays, seríamos a caricatura da caricatura que é a mulher em relação ao padrão, ideal e universal que é o homem heterossexual, rico e branco.


Aslan


Até mesmo em uma escola de línguas aqui na minha cidade de Belém, o Aslan, eu sofri bullying por eu ser homossexual. Eu já estava doido ou pelo menos com suspeita de doença mental da minha família naquele tempo, anos 2003 a 2004, portanto, se eu alegava em casa homofobia eu era dado como paranoico. Dizem que eu sou esquizofrênico, vai lá que para mim, coitado, a ilusão é fortemente dada para mim à maneira de fato. Se eu já não estava muito doido, parece-me que este povo brasileiro é acentuadamente conservador, que é o que diz a direita baseada em certas pesquisas, e mereceu certamente morrer no número de mais de 600 mil pessoas de Covid-19 por obra de seu governo querido de direita que é o governo de Jair Messias Bolsonaro. Se a esquerda é encarnação de todo o mal, logo, a direita tem o monopólio do bem. Se é assim foi um bem todas essas mortes. Diz a esquerda - não sem uma dose de ideal faustiano - que ser conservaodor de direita é ser burro, e quem é burro está apto para viver? No Aslan ali corria à boca pequena que uma professora atarracada e desinteressante, feia, chamada Georgina não ia com a minha cara eu não sei o porquê, nunca a tinha visto antes. Eu já estava sob a suspeição de ser doente mental naquela época, mas eu ouvi bem uma moleca estudante ali qualquer dizendo que a tal Georgina dizia para não se aproximarem de mim. Fui expulso naquele ano do Aslan. A briga ali começou com uma lésbica brasileira que vinha de Paramaribo no Suriname não ir com a minha cara sendo que logo no dia que nos conhecemos nós fomos à um restaurante aqui na cidade. Gente doida, mulher doida, a mulher começou a me tratar mal. Eu afastei a tal mulher de perto de mim durante uma aula ali escola Aslan e ela foi em lágrimas reclamar com a direção da tal escola de línguas. Hoje eu penso que talvez ela tenha se apaixonado por mim. Juro que não é paranoia, caro leitor, estou tomando o antipsicótico em dia. Começou aí o meu calvário no Aslan quando eu tive que ir errando de turma em turma, até que eu fui parar na turma da tal Georgina que caiu fora da sala de aula como professora depois de eu perceber a hostilidade dela para comigo, cheguei com ela e disse que a direita heterossexual teria que ceder ao naquela época governo Lula da esquerda, se bem que recordo eu disse isso à ela. Falava da mulher doida vinda do Suriname. Dos doidos o único que se trata sou eu, claro que é porque por ser mais grave o meu problema, as outras loucuras ainda são minimamente suportáveis no máximo indo parar na delegacia.


Friedrich Nietzsche


A minha atual psiquiatra e um outro médico, amigo de minha família e não especialista em psiquiatria, eles dizem que eu seria esquizofrênico que somado ao transtorno bipolar, então, eu seria esquizoafetivo. Minha vida é alguma coisa que fragmentada. Poderia-se dizer que a unidade do homem pela sua identidade dá-se na função profissional que ele exerce na sociedade. As pessoas são conhecidas e definidas por sua profissão: professor, engenheiro, advogado, médico, filósofo, fisioterapeuta, psicólogo, enfim. Eu nunca tive nada disso e um belo dia eu estava - não sei como cheguei ali - estava completamente doido dando a língua para as pessoas na rua, ali na avenida José Malcher com a avenida Generalíssimo Deodoro. Eu, louco, não sei se pelo transtorno bipolar cujo sintoma da mania em mim já ficou bem caracterizado ou também por algum grau de esquizofrenia que talvez dessa forma dê uma boa explicação de minha vida fragmentada e de zumbi inconsciente. Problemas mentais que eu acho que somado a problemas também neurológicos - um médico neurologista já disse que no meu cérebro ocorreria um tipo de curto-circuito - causam em mim sonos terrivelmente perturbados todas as noites o que inclui gritos. Para mim vale aquela frase do filósofo Friedrich Nietzsche - sobre ele eu já li no site Wikipeia que Nietzsche sofreria do transtorno bipolar - sobre o sono e o sonho: "Conhece o terror daquele que adormece? Fica aterrorizado até a ponta dos dedos, porque o chão se abre sob ele e o sonho começa."


Acho que lá por 2006 eu comecei a tomar remédios controlados e senti uma sensível melhora. Parei o tratamento dado o meu próprio preconceito contra a questão da saúde mental e fui internado no ano de 2008, no mês de maio, a partir do dia 1º. Depois parei de novo o tratamento e fui internado de novo no ano de 2013. Enfim, enquanto eu componho este artigo eu pensei que eu poderia estar até aqui enrolando para não dizer que uma emergência do meu eu substancial seria a emergência de um vagabundo. Há tempos que venho finalmente seriamente submetendo-me a tratamento e acho-me capaz de trabalhar e estudar, porque os medicamentos fazem efeito, em outros doentes mentais os sintomas são persistentes. Ok. No entanto, eu já fiz o teste, já enchi-me de atividades e eu acabei doido, garanto a ti caro leitor, eu fui parar na Paróquia Santíssima Trindadde, daqui da capital do Pará, igreja na qual eu batizado ainda bebê. Eu ia assistir à uma Missa ali, e percebi uma mulher no altar olhando espantada para mim, certamente eu estava perturbado. Eu devo ter alguma fragilidade, por conseguinte, para as atividades laborais, de trabalho, que um meu médico psiquiatra antigo dizia que o bipolar tende a ser frágil para o trabalho. Uma doença de tamanha gravidade como a minha é pior do que a mais negra velhice que exige muito antes de ser tão negra a aposentaria. Infelizmente, porém, nem sempre o transtorno bipolar ocasiona a aposentadoria. No todo a minha sensibilidade e fragilidade é evidente que é maior, se eu tivesse o comum nervos de aço resistentes da maioria as pessoas, segue-se que eu não seria doente mental.


Lembro-me que a minha família talvez tão ou mais doida do que eu, gente disfuncional avarenta que esconde a comida em casa para que eu não a coma só o meu pai come tudo sozinho no quarto dele. Minha família doida, por exemplo, na pessoa de meu pai no dia mesmo em que eu saí do manicômio a primeira vez, ano 2008, ele na Praça Batista Campos ia comprar para mim acho que um sorvete ou um pacote de biscoito recheado, dizia que qual seria o meu futuro, que eu não trabalho, o que eu "estava pensado da vida". Eu tinha acabado de sair de um internamento psiquiátrico, por que este tipo descabido de cobrança? Este meu miserável pai deveria talvez tomar o remédio antispsicótico risperidona que eu tomo todos os dias para ele cair na real? Depois na segunda vez em que eu fui internado, ano 2013, minhas irmãs para eu ali prostrado no manicômio do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, falavam que eu iria estudar depois dali e tal. É a miséria do materialismo e dinheirismo. O materialismo é metafísica de galinheiro bem dizia Olavo de Carvalho.


Por fim, alguma emergência do meu eu substancial que eu acho que me veio nos últimos dias, pode revelar um eu vagabundo, apesar de eu não ser e nem poder ser boêmio de noitadas e nem viva uma vida do puro sexo, eu tento ser casto na Igreja Católica. Mas, também um eu fragmentado pela doença mental, fragmentação clínica e definitva, e somada à questão homossexual que é bem polêmica, contudo, pelo menos ainda pode haver a escolha - é uma questão moral e a homossexualidade é considerada pecado pela Igreja Católica - entre praticar a homossexualidade ou não.

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