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sábado, 4 de dezembro de 2021

Uns frutos do sacrário

Autoria: João Emiliano Martins Neto

 


Hoje como todos os dias eu estava rezando diante do sacrário da igrejinha onde eu fui batizado na infância, na Igreja da Santíssima Trindade de Belém do Pará, e lá rezando eu acho que eu colhi uns frutos de um certo ângulo muito interessante e luminoso de algumas coisas importantes comuns ao mundo como Deus, a alma humana e a liberdade tão questionadas e que seriam incognoscíveis para um certo homem distante de Deus como Immanuel Kant e que influenciou vários filósofos de várias gerações e a cultura depois dele. Kant que era oriundo de uma seita herética protestante, a luterana, mas era um cristão não muito ortodoxo, conforme dele diz o grande filósofo Eric Weil e eu acho que por tal filiação herética ele não conseguiu ter uma visão espiritual mais acurada.

 

Eu ali rezando diante do sacrário cheguei à conclusão que Kant, o homem do Iluminismo com sua noção de emancipação e busca de autonomia humanas, pois, retomando o sofista antigo, Protágoras de Abdera, o homem seria a medida de todas as coisas e não Deus, consoante via Platão, tal emancipação e autonomia humana dar-se-ia pela saída do que seria para Kant o sono dogmático, o abandono da metafísica antiga dogmática que voltava-se para a pesquisa em torno do objeto, contudo, doravante depois do pequeno homem de Königsberg, o homem seria o centro de tudo e definiria humana, demasiado humanamente o que seriam, "para ele", as coisas comuns ao mundo e não as coisas em si mesmas, em especial o que seria Deus, a alma, a liberdade e a imortalidade d'alma.


Isso que dá ser um herege protestante e nunca honrar e contemplar por pelo menos uns trinta minutos o próprio Deus Jesus Cristo tal qual há dois mil anos atrás no sacrário, o mesmo Cristo ainda que preterido por aqueles homens do passado e por todos nós, homens, de todos os tempos, judeus como os primeiros culpados e depois todos nós, homens, dos demais povos e raças. Kant acabou cego, agnóstico, dizendo que a coisa em si seria incognoscível sendo assim incognoscível o que há de mais alto como Deus e também a alma e a liberdade, por conseguinte, a imortalidade da alma.


Rezando ali eu percebi que há uma alma e como tal uma liberdade, liberdade para o amor, amor a Deus sobre todas as coisas e semelhantemente amor ao próximo como a si mesmo, ainda que ao custo de privações, sofrimento, perseguição, dor, humilhação, pobreza, apertos, tumultos, pancadaria e até diante da ameaça de morte. O amor que, escreveu São Paulo aos coríntios, tudo suporta, sofre, atura, tudo crê, tudo espera, tudo desculpa. O homem não precisa ser na verdade um fantoche de seus instintos, de seu orgulho idólatra, achando-se um suposto aristocrata, como dizia Friedrich Nietzsche, e assim refém dos mais baixos instintos e das trevas, descurar da compaixão, do perdão e do cuidado com os mais necessitados.


A questão da alma e a questão da liberdade foi o que brilhou para mim e eu acho que eu pude colher como uns frutos do sacrário, ao rezar ali diante do sacrário da igrejinha da Santíssima Trindade. Sou muito grato a Deus por essa luz que ele fez incidir, hoje, em mim um seu terrivelmente indigno servo.

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