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sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Eu, um cripto-luterano?

Autoria: João Emiliano Martins Neto

 


Resumo: Fanáticos já disseram que eu sou um cripto-marxista outros podem pensar que eu sou um cripto-luterano ou cripto-protestante, mas que fique claro que eu sou alguém que busca o esclarecimento e no artigo abaixo eu procuro explicar isso melhor.


Seria eu um cripto-luterano, um luterano disfarçado de católico romano? Bom, meu caro leitor, um dos temas ao lado da questão política moderna relacionada à direita e à esquerda e suas disputas hoje tão polarizadas e fanatizadas no Brasil e no mundo, também ao lado da questão da homossexualidade que de longe é um dos assuntos que mais me aflige. Mas, a questão do luteranismo, isto é, a questão da justificação do homem se é somente pela fé (sola fide) ou se é por fé e obras que é tal questão o olho do furacão, princípio da Reforma Protestante do século XVI e é a sola fide, o artigo que mantém a igreja protestante de pé ou a faz cair. Poderia também a Reforma Protestante chamar-se de reforma luterana, iniciada por aquela figura ímpar que foi o Doutor Martinho Lutero, o qual eu costumo pensar que foi um homem que viveu o cristianismo mais do que teve o cristianismo como um adorno externo pessoal como quem usa um cordão ou um broche em forma de cruz, mas sem atinar para o fato que a cruz é o símbolo de um instrumento antigo de tortura e morte onde o Cristo pagou pelos pecados dos homens e os salvou ou sem atentar que ser simplesmente obediente como signo do que se seja ser cristão em nada difere da conduta simplesmente obediente dos pagãos ou dos judeus ou dos muçulmanos e ai deles se não o forem obedientes, sobretudo os muçulmanos, visto que as divindades pagãs e o judaísmo, muito menos no Islã, não salvam ou não justificam ninguém, não quitam o karma, diriam os orientais, por ninguém, contudo querem apenas serviçais tais divindades e no judaísmo mal compreendido que resulta em judeus que até hoje não aceitam o Cristo como o Messias predito desde Moisés, na Lei, nos escritos dos salmos e pelos profetas. Mas, é a questão luterana algo que toca-me profundamente, porque eu percebo que com o luteranismo, com Lutero fica esclarecido quem o Cristo Jesus é, de fato. Quem Ele é? O Cristo é o Salvador. O Cristo como manifestação gloriosa da graça de Deus é algo que é graça, realmente, e se é graça, é de graça não podendo o homem merecer algo com a graça que é o que ensina a Igreja Católica sem a menor sombra de dúvida em suas decisões conciliares desde Trento e no Catecismo atual de 1992.



É algo que toca-me, é algo que mexe comigo a questão da justificação, porque é fato o que disse São Paulo em Romanos 4, 5 que escreveu que aquele que não trabalha, mas confia em quem justifica o ímpio que essa sua confiança lhe é levada em conta de justiça. Ora, não trabalhar é não trabalhar, não pode ser outra coisa, enquanto a Igreja Católica prega e espera outra coisa que é um tipo de graça estranha em que as boas obras são o preço para adquirir-se mais graça, como pode algo assim? Outro trecho bíblico que impressiona-me não sem antes ter impressionado e esclarecido o excelentíssimo e inspirador Martinho Lutero em seu gabinete humilde e à luz de velas é a perícope de Romanos 1, 17, onde está escrito que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, porque é como está escrito, o justo viverá da fé. Ora, nada é mais evidente do que a necessidade absoluta e evidentemente exclusiva da fé para a justiça e salvação, e nisso de exclusividade da fé reconhece literalmente uma edição católica romana da Bíblia Sagrada, a da editora Paulus.


As perícopes escriturísticas, sobretudo em São Paulo, são diversas em que a justificação somente pela fé, sola fide, é reconhecível, parece que São Paulo foi o primeiro cristão e Martinho Lutero o segundo. Eu pessoalmente acho que o que distingue o cristianismo de outras religiões, éticas e visões sobre o homem, antropologias, é a questão da justificação onde com a força do que é evidente: legalmente, juridicamente, é algo forense por tratar-se de justiça, a justiça do Cristo é imputada ao homem, diz patentemente o Apóstolo na carta aos Romanos. É o que eu acho, é o que eu vejo. Tal qual Galileu Galilei eu posso estar diante de uma terra que se move sendo eu condenado não pela Santa Igreja Católica de hoje que é doce, compreensiva, humanística, ecumênica e esclarecida, mas por um Brasil e um mundo de fascistas e nazistas fanáticos religiosos ou políticos que internautas alucinados querem aprisionar o pensamento, o mover-se à maneira pela qual uma Igreja Católica fascista do passado prendia o movimento óbvio da terra, querem prender o movimento do cérebro, o movimento da alma e do homem rumo a um inevitável olhar o mundo sob um novo ângulo que sempre esteve aí, todavia que não era visto pelos homens de outrora e mesmo os assuntos eternos da religião ainda passam pelo pobre olhar, as vezes distraído do homem que a interpreta, a interpreta ainda que na luz bruxuleante de velas.


Então, caro leitor, finalizando, se eu sou um cripto-luterano? Talvez, mas se eu sou isso é em nome da inteligência, é em nome da verdade e em nome do conhecimento sobre o mundo, sobre Deus, e o homem que o cristianismo vem ser a luz divina para tal.

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