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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Cristianismo - Entre o medo e o desafio

 Autoria: João Emiliano Martins Neto

 


Resumo: Questiono um livro de Sigmund Freud, O Futuro de uma Ilusão, em o qual Freud critica, em suma, a religião como coisa de fracos. Mas, diante de tal opinião eu questiono se não é algo de genuinamente humano a religião, o cristianismo em destaque, na forma de algo que mostra a dependência e fragilidade propriamente humana diante do mundo e que diante de tal suposto fato o cristianismo não seria uma resposta interessante.


Eu assistia a um vídeo, ontem, dia 27 de dezembro de 2020, dia da Festa da Sagrada Família: Jesus, Maria e José, era um vídeo em que um rapaz comentava sobre o livro de Sigmund Freud, O Futuro de uma Ilusão, em que Freud critica a religião como uma neurose de pessoas que querem para sempre um pai que as proteja das intempéries do mundo, ou como dizia o grande escritor e jornalista ateu gaúcho já falecido, Janer Cristaldo, as intempéries metafísicas: dor, solidão e morte. De forma bem sucinta, e até aonde eu sei, a Psicanálise, ciência psíquica fundada por Freud ensina que no início, quando bebê, o ser humano é ligado à mãe que dá-lhe tudo o que precisa, comida, calor, atende às suas necessidades, depois quando maiorzinho o ser humano, descobre o pai que é mais forte para acolher as suas necessidades da época de sua vida mais à frente. Quando adulto o ser humano continua dependente, percebe o mundo como um desafio intransponível, por exemplo, nos desafios da natureza na forma de chuvas torrenciais e destruidoras, frio, calor, doenças, a morte, a solidão, enfim, as já mencionadas intempéries metafísicas. O ser humano sente-se pequeno e só, então, busca a Deus ou aos deuses qual um pai, um pai incomensuravelmente mais forte do que o anterior que o proteja.


Penso que Sigmund Freud refere-se ao Deus do cristianismo, que é evidentemente a religião que domina a parte oeste do mundo que é parte mais infuente do mundo, em vista disso fiz menção no título deste meu artigo à religião do Cristo Jesus, entretanto, eu acho que qualquer religião mesmo que com uma pluralidade de forças divinas possa estar à disposição do homem à maneira de muitos pais ou apoios ao homem a darem ao homem uma explicação sobre o mundo e a darem ordem ao caos que é parte do mundo.


Agora, fica a questão, o cristianismo ou as demais grandes religiões do mundo são apenas, então, muletas para o homem seguir em frente? É só o pavor diante do cosmos o que leva o homem a Deus ou aos deuses? Bom, eu penso que a religião de Jesus Cristo seria poderosa em ser uma tal muleta ao homem, dir-se-ia "muleta" de forma caluniosa até, um apodo dos espíritos fortes ateus a exemplo de Freud. Seria o cristianismo, em especial o cristianismo reformado por Martinho Lutero que é o mais interessante e que distingue o cristianismo, pois na Reforma Protestante do século XVI parece que o homem cristão ousa dizer-se cristão não perdendo-se em tantos costumes e ordenanças que dependem de si para serem executados. Mas, no protestantismo ao resgatar-se o cristianismo bíblico paulino da graça sozinha salvadora mediante somente a fé a justificar e salvar o homem, seria o cristianismo talvez a muleta por excelência, se Deus reconciliou em Jesus Cristo o mundo por uma oferenda perfeita, muito maior que as oferecidas no Templo dos hebreus e uma oferenda muito maior e melhor do que todo o bem que os homens possam fazer no mundo. Se o medo leva à uma opção religiosa tão apropriada e forte como o cristianismo, não há também nas religiões como no cristianismo o desafio ao homem, no caso do cristianismo mais propriamente, não haveria o desafio do homem humilhar-se em Cristo, por Cristo e com Cristo o seu orgulho de querer ser o campeão do mundo? Campeão em inteligência com sua Ciência empirista que tudo quer ver, controlar e testar em laboratório? Campeão com sua Filosofia racionalista que pretende até mesmo de forma doentia encerrar o mundo e também Deus ou os deuses fazendo-os caberem em sua cabeça? Campeão em sua tecnologia tal qual hoje as redes sociais online que mais dividem o homem em extremismos fascistas e nazistas e o homem sendo um campeão com criações artísticas que nada mais são essas do que uma imitação da imitação que é o mundo sensível e no caso da arte contemporânea uma imitação da visão distorcida e desesperada que o homem atual tem do mundo? 


No caso do cristianismo, entre o medo e o desafio, eu penso que o pobre homem não é algo no limite sobre-humano que não precise da ajuda, por exemplo, de seus semelhantes, coisa que o regime de reprodução usurária do capital é especialista em enganar o homem com uma autossuficiência impossível e o capital pode unir-se muito bem ao ateísmo e ao anticristianismo, até que uma alvissareira revolução social comunista mundial o vença colocando nas mãos dos trabalhadores e operários a destinação justa e solidária de seu trabalho suado em um mundo de irmãos sem Estados nacionais ou classes burguesas opressoras, exploratórias e onde Deus seja tudo em todos, assim era com os primeiros cristãos, assim há de ser no mundo novo já aqui neste mundo quando os trabalhadores pararem de vender suas almas pelas migalhas do capital e no mundo que há de vir no Céu de forma definitiva, perfeita e espiritual.

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