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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Dentro ou fora da vontade de Deus

Por Solano Portela (Presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil)

Com frequência procuramos discernir a Vontade de Deus para nossas vidas e não conseguimos chegar a uma compreensão adequada da questão. Somos auxiliados, em nosso entendimento, quando conseguimos perceber que as Escrituras apresentam a Vontade de Deus em três aspectos distintos, que não se contradizem, mas se complementam. São estes:

a. A vontade decretiva de Deus. Representada pelos seus decretos. A providência divina é a aplicação dessa vontade no desenrolar da história e de nossas vidas. Ao mesmo tempo em que a vontade decretiva é uma realidade e uma expressão plena da soberania de Deus ela é inescrutável (Rom. 11:33) e imutável (Hebr.6:17). Especular os conselhos de Deus, sua vontade decretiva, não é o campo legítimo de atuação do crente, nem uma curiosidade sadia (Deut 29:29). A revelação da existência dessa vontade, que é eficazmente cumprida (Isa. 46:10), é fonte de conforto ao crente, mostrando que Deus está em controle e que as promessas de sua palavra (como por exemplo Rom. 8:28) serão verdadeiramente cumpridas pois não dependem da fragilidade humana. Para essa vontade, olhamos retroativamente em gratidão e consolo, vendo como Deus trabalha em nossas vidas e na história da humanidade. Quando falamos em "Descobrir a Vontade de Deus" não estamos falando em como "descobrir os seus decretos antes que aconteçam". Quando falamos da vontade de Deus, neste sentido, é correto dizer que estamos "fora da vontade de Deus".

b. A vontade preceptiva ou prescritiva de Deus. Representada pelas suas prescrições, determinações e mandamentos. Ou seja, são os padrões de conduta e encaminhamentos de vida, revelados por Deus em sua palavra. Podemos falar desses dois aspectos, porque sabemos, por sua palavra, que, apesar dêle ser onipotente e ter poderes para executar tudo, ele não desejou decretar tudo que está contido em Sua vontade preceptiva. Um exemplo disto é 2 Pedro 3:9, onde Pedro expressa a vontade preceptiva de Deus e indica que ele "...quer que todos venham a arrepender-se..." Ele certamente teria poderes para executar este desejo, mas por outras passagens bíblicas que "poucos são os escolhidos", (Mateus 22:14) demonstrando que Deus não decretou tudo que é sua vontade, COMO PRECEITO.

Alguns trechos, na Bíblia, parecem indicar que a vontade de Deus é frustrada. Não podemos entender isso, porém, como frustração de sua vontade decretiva. Por exemplo, compare Mateus 23:37, com Isaías 65:2. Vemos que apesar do desejo de Deus ser o recebimento de Jerusalém em seu seio, o seu plano já previa a pregação e a rejeição por um povo rebelde (Atos 4:27, 28 e Atos 2:23). O povo judeu, e os habitantes de Jerusalém, estando inclusos neste plano, rejeitaram a Cristo VOLUNTARIAMENTE. Uma analogia humana (imperfeita, é claro) para ilustração desta dualidade de vontades, é a de um juiz reto que não tem vontade alguma em proferir uma sentença condenatória qualquer, mas justamente por ser reto, decreta condenar alguém, quando tal condenação é cabível, e assim o faz. No sentido de sua vontade preceptiva ou prescritiva, é possível "estarmos fora da vontade de Deus". O estudo e descoberta da vontade prescritiva de Deus é o grande dever do crente (João 14:15 e 1 João 5:2-3), que deve pautar sua vida e decisões por ela.

c. A vontade de Deus particularizada na vida e experiência diária de cada um. Certamente aqui falamos dos dois aspectos acima, retratados e conjugados em nossa vida. De uma certa forma, isto constitui sempre um campo para o nosso estudo. Em nossa vida, vemos os seus decretos executados e somos responsáveis para agir de acordo com os seus preceitos. Por isso devemos estudar estes preceitos, conforme os registros inspirados nas Escrituras e procurar descobrir os princípios de ação que nos possibilitarão tomar as decisões corretas e acertadas, pela graça e misericórdia de Deus, com o auxílio do trabalho iluminador e santificador de seu Santo Espírito.

Atingimos, portanto, um bom entendimento desta questão quando percebemos que caminhamos sempre cumprindo os decretos de Deus, responsabilizados pelo seguimento de suas prescrições, e crescentes em paz de espírito, na medida em que, pelo seu Santo Espírito, verificamos que estamos nos enquadrando "dentro da vontade de Deus", conforme ela nos é revelada, nas Escrituras.

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