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terça-feira, 12 de abril de 2022

Esoterismo cristão e a necessidade de Deus

Autoria: João Emiliano Martins Neto

 

Pintura do russo Feodor Andrejewitsch Bronnikoff, retratando místicos esotéricos gregos


Que me perdoe a patrulha dos tradicionalistas fanáticos, burraldos, extremistas de direita e com traços nazifascistas do cristianismo, em especial os que se arrogam católicos romanos, me perdoem, mas, eu quero falar aqui algo do que seja um esoterismo cristão, uma gnose cristã na medida do pouco conhecimento que eu tenho do que seja esoterismo que eu considero uma abordagem sublime das filosofias e das religiões que é o esoterismo e no caso do cristianismo a gnose.


Eu conversava com uma ateia na rede social Facebook e ela sabendo que eu sou católico logo opôs-se a mim com os inquisidores. Bom, já diria o chamado Manual dos Inquisidores, eu publiquei um trecho dele aqui neste meu blog, que o objetivo deles não era a salvação das almas dos acusados, mas, manter o bem comum e ATERRORIZAR o povo. Ou seja, a Santíssima Igreja Católica Romana tornou-se com seus superiores inquisidores, com exceção com certeza de um santo como o Santíssimo Padre, o Papa São Pio V. Entretanto, no todo a Igreja tornou-se um aglomerado de arruaceiros tocando o terror e apavorando a população para manter a coesão social que eu não nego que estivesse abalada por fanáticos hereges, hoje diríamos que tais fanáticos são os que querem ser tão tradicionalistas, conservadores, mais realistas do que o rei, querendo no recesso privado do seu lar diante de seu laptop julgar o Santo Padre, o Papa. Estariam dispostos a pelo o que eles julgam ser o máximo bem no mundo, o reinado social de Jesus Cristo, dispõem-se, por conseguinte, a causar distúrbios contra a boa, sábia e justa ordem social, perturbar sobretudo a nós, homossexuais, porque eles falam de nós de maneira obsessiva, opondo-se ao que de forma burra chamam de "ideologia de gênero" ao dizerem de forma simplista como a louca ministra Damares Alves, que menino veste azul e menina veste rosa, um estereótipo bem tosco entrelaçando cores e sexos não imaginando que haja um outro entrelaçar maior entre cultura, construção social e sexos biológicos realmente deterministas. Uma fogueira inquisitorial contra tais fanáticos que talvez tiveram mães que arrancavam-lhes sangue por causa de uma traquinagem boba não seria de todo desinteressante.


Dito isso, eu argumentava para a mulher ateia que ela esquecesse o que poderiam ser meros dominadores externos, políticos e sociais como os inquisidores e também que ela esquecesse uma simplória empregada doméstica autoconsiderada cristã que ela possa ter em casa. Potestades e povos onde há inúmeras empregadas vivem de aparências e costumes. Sugeri que a ateia mergulhasse no mistério da única religião verdadeira neste mundo, a Igreja Católica, a começar do mistério ou sacramento da Eucaristia que na Bíblia Sagrada, no longo discurso de Jesus Cristo sobre o pão da vida (São João 6, 22-70), o Cristo teve o ensejo de falar de tal mistério ao ensinar para as multidões a serem mais sábias, a terem, segundo eu vejo, acesso ao sublime conhecimento da gnose, esoterismo ou misticismo cristão do seu corpo que um dia seria sacramentalmente recebido nas santas missas depois que Cristo institucionalizasse a Eucaristia na última ceia. Tal conhecimento, do grego, gnosis, é de que o pão meramente físico e material que Cristo multiplicara para tal multidão, era um simples sinal do pão do céu, o verdadeiro maná, muito superior ao maná apenas físico recebido pelos judeus no deserto, entretanto, tal novo maná que é o corpo e o sangue de Cristo que Ele daria para a vida e salvação do mundo e que sacramentalmente recebido a cada Missa ou nas sextas-feiras da paixão distribuído alimentaria o que há de mais fundamental no homem que é a sua alma sede da inteligência que dá o obséquio da fé que sustenta o corpo, que se for uma alma sã, com gnose e vida mística normalmente pela recepção dos sacramentos ou mistérios, não deixa o corpo mergulhar nos excessos da gula, por exemplo, já que estou falando de pão.


Falei, também, do que seria na minha visão de um esoterismo, gnose e misticismo cristão com relação aos mistérios ou sacramentos do batismo e da confissão. Batismo que é um morrer e renascer da alma humana nos batistérios das igrejas católicas. Morre o velho homem ferido pelo pecado original e pelos pecados atuais se o catecúmeno já é adulto e renasce o novo homem, nasce de novo, do Alto, nos batistérios que são ao mesmo tempo túmulos e úteros para a morte e para  o nascimento da nova vida. Cristo no seu diálogo com o fariseu Nicodemos (São João 3, 1-20), segundo o que eu consigo entender, disse não se referir com o nascer de novo a nenhum conhecimento tão secreto, contudo, que Ele falava de situações terrenas. Nicodemos era um príncipe dos judeus e cego, obtuso, acabou entendendo o nascer de novo com o voltar para o ventre da mãe e nascer fisicamente novamente, não entendia o mistério, a gnose, era só mais um, tanto quanto o povo ignorante, ele um fariseu ou um inquisidor da época, envolvido com a superficialidade deste mundo e de como viver rotineiramente neste mundo. Depois eu falei do mistério, sacramento da confissão que é a segunda tábua de salvação para quem pecou gravemente depois do batismo, que é o sacramento de cura, tal qual talvez de forma esotérica, quis dizer e está escrito literalmente no Catecismo da Igreja Católica de 1992 sobre esse sacramento.


Em minhas orações na Igreja diante do sacrário, diante do próprio Deus, grande escola esotérica gnóstica para mim, por outro lado, eu percebo que o que eu entendo como uma doutrina secreta no cristianismo católico romano não está muito ligada, na verdade, aos sacramentos, os quais parecem-me de um esoterismo exoterizado, que é o que caracterizaria o que há de mais profundo no cristianismo que é uma religião que não quer ser algo para uma elite. É iniciático o cristianismo, no entanto, é ao mesmo tempo algo de não tão difícil acesso, ao meu ver, é a, aliás, o cristianismo a religião de mendigos e mulheres, diria o nosso grande psicólogo e filósofo escritor Machado de Assis. Em minhas orações o que eu considero que seja algo de místico que eu tenho conseguido chegar é a necessidade de Deus, ou a Filosofia como uma via mística para o entendimento do ser e seu sentido não pautada somente pela razão natural, sim essa submetida à Fé, à Sagrada Teologia. Deus, em sua autoridade, realeza e glória como algo que ilumina o homem, Ele que é a verdade, que é a sabedoria, e fonte dessas coisas, além de Deus ser luz, bem, vida e amor e também fonte dessas coisas. Deus necessariamente existe, porque a unidade do conhecimento na unidade da consciência e vice-versa, algo como a verdade e a sabedoria, se dá através de uma abertura ao que é metafísico, espiritual. O homem por si só e ao contemplar este mundo cheio de tantos males causados por homens tão cheios de si, tão cheios de um grande vazio, vanglória: glória vazia, acaba o homem fragmentado e sem verdadeira ciência, fragmentado por uma poeira atomizada, nominalista e desconexa de indivíduos humanos ou de indivíduos de toda espécie e gênero deste mundo, em especial homens autossuficientes cuja vida bem lá no fundo e na verdade não é digna de ser vivida, por ser irrefletida, pois que se refletissem veriam que este mundo tem algo como as qualidades de bem, verdade e beleza que não precisou deles, tão senhores absolutos deste mundo que se pretendem, mas, vieram de Deus tais qualidades, que há neles.

 

Caro leitor, eu espero neste artigo aclarar algo que para mim é o sustentáculo e preside o que seja uma verdadeira ciência, a sabedoria, o que seja uma visão distinta da religião que não se resume a ciência ou a Filosofia à razão humana limitada que tudo quer dominar sem convir que algo terá que venerar e contemplar de longe. E é uma visão minha de religião que não é observância de preceitos e regras religiosas e moralistas, todavia, que seja uma busca a um acesso a realidades sublimes como as metafísicas e religiosas da única religião verdadeira neste mundo que é a Igreja Católica que normalmente pelos literalmente chamados de mistérios ou sacramentos dão acesso ao homem à vida realmente bem pensada, refletida, digna de ser vivida.

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