Eu não sou a pessoa mais indicada

Autoria: João Emiliano Martins Neto

Eu não sou a pessoa mais indicada para crer em Deus e para ser católico romano. Eu sou homossexual e a homossexualidade definitivamente abala a minha fé. Alguém poderia dizer que eu seria mesmo capaz de trocar Deus por um homem? Poderia eu trocar Deus, dizendo no popular, por um pênis? Digo pênis para não usar outro termo pior. Sim. Definitivamente eu seria capaz de trocar Deus por um homem, por um pênis. Acho terrível não ter um homem na minha vida. Porém, o que há de mais complexo em mim é que eu acho maravilhoso tanto o sexo com os homens quanto eu acho maravilhosa a ideia de Deus, a força que há no absoluto e no metafísico junto com a Igreja Católica Apostólica Romana com o seu misticismo, cosmovisão com a quintessência do que já produziu a alma humana em grandes do tipo do Filósofo (Aristóteles) e um Santo Tomás de Aquino, as imagens sacras e a sua liturgia.

Mas, definitivamente, eu não sou a pessoa mais indicada para ser católica e este meu pendor para o céu e a terra sendo a homossexualidade mais do que a terra seria a lama já que a homossexualidade é algo condenado pela Igreja, algo intrinsecamente desordenado e contra a lei natural, por esse meu pendor, ambiguidade, eu me vejo na verdade pouco adaptado tanto à religião quanto a estar fora na religião, a estar no chamado mundo no sentido mau dessa palavra.

Eu oscilo entre um grande entusiasmo ao convidar as pessoas a serem católicas romanas e momentos de aridez e ceticismo, porque a homossexualidade atormanta-me. Não sei se tal oscilar tem a ver com a minha doença bipolar, contudo, pelo menos eu submeto-me ao tratamento em saúde mental, estou sempre tomando meus medicamentos psicotrópicos. Só sei que oscilo entre a fé e a falta de fé. Pode parecer que eu sou frívolo, troco Deus pelo sexo, mas, é que já diria o jornalista e blogueiro ateu gaúcho já falecido, Janer Cristaldo, ele dizia, a carne é forte.

Que dias melhores venham, graças a Deus, em que eu possa ver que, como eu sempre rezo diante dos sacrários das igrejas católicas do centro de minha cidade de Belém do Pará, que eu possa ver que os bens passageiros como o sexo devem ser levados em conta com sabedoria, caso contrário, o homem acaba em uma vício tão lamentável que é a covardia e acabaria o homem cooptado pelos poderosos da vez com seus recursos, por exemplo, estatais. Acabaria o homem cego para o mais real, para o metafísico. Acabaria o homem surdo para ouvir o que é o mais real que o conduz ao sublime que é o caso de um canto gregoriano ou as músicas sacras de Mozart ou de Bach. Acabaria o homem mudo sem mais dizer algo de interessante que é o que conforme o que é real, o mais real que é invisível aos olhos, diria Antoine de Saint-Exupéry mais conforme ao ideal metafísco, não saberia mais dizer algo de sábio. O Senhor, aliás, curou pessoas que eram fisicamente cegas, surdas e mudas. Por fim, acabaria o homem encurvado e com a mão mirrada, sendo chupado pelo inferno que está no submundo, embaixo, e com a mão mirrada por na sua descrença não pedir algo a Àquele, Deus, que pode lhe dar a Ele mesmo que é o bem maior que é infinitamente mais do que os bens da finitude mesmo a um bem do tipo do sexo que é algo tão intenso.