Autoria: João Emiliano Martins Neto
Eu aprendi em algo tão humano e que aborda unicamente de forma humana o mundo como a Filosofia, aprendi com o filósofo Luiz Felipe Pondé que intelectualmente a gente só deve tratar com o que verdadeiramente tira-nos o sono. De longe o tema da justificação do homem se é somente pela fé ou se é por fé e somadas às boas obras é algo que tira-me o sono, perturbação típica de quem quer um cristianismo com a cabeça no lugar: lúcido, e sobretudo hoje que eu venho interessando-me em estudar a Sagrada Teologia na faculdade, a Sagrada Teologia que é um passo além da limitada abordagem natural filosófica, porém rumo e levando-se em conta o sobrenatural, a divindade.
A questão da justificação se é somente pela fé ou se é por fé e obras causou uma das revoluções mais formidáveis no mundo que foi a Reforma Protestante, ou talvez a revolução por excelência, inspirando algo do céu, não obstante os erros dos reformadores, à terra, porque depois da mesma como raiz o homem moderno com o seu eu livre e consciente, porque dubitativo pôde erguer-se rumo às outras subsequentes revoluções que bem ou mal libertaram o homem e mudaram a face do mundo até hoje que são a Revolução Francesa de 1789, cuja raiz mesma libertária encontra-se na Revolução Americana de 1776 cuja alma é cristã protestante e a Revolução Russa de 1917 contestadas de forma rançosa e odienta apenas por grotões insignificantes como o Brasil.
De longe a questão da justificação tira-me o sono e faz-me oscilar entre Roma e Wittemberg na Alemanha. Como não interpretar claramente em Romanos 4, 5 com a ideia luterana da justificação somente pela fé, a sola fide, quando lê-se o que escreveu São Paulo: "ei vero qui NON OPERATUR credenti autem in eum qui justificat impium reputatur FIDES EJUS ad justitiam". NON OPERATUR e FIDES EJUS, se isso não é sola fide o que será? A fé não demonstra-se aí suficiente para salvar e no próprio sacramento da penitência da Santa Madre Igreja Católica Romana o que se exige mais para salvar o homem, apesar das penas meramente temporais, senão a fé em Jesus Cristo com a consequente confissão dos pecados e absolvição do padre? Como fica Romanos 1, 17 em que São Paulo escreveu: "Justitia enim Dei eo revelatur EX FIDE IN FIDEM sicut scriptum est JUSTUS AUTEM EX FIDE VIVIT." Ora, EX FIDE IN FIDEM é de matar, quer dizer traduzindo-se DE FÉ EM FÉ, fé do princípio ao fim é exigida ao homem, onde entrariam as obras? Talvez, claro, o que se poderia chamar de "obras" entrariam na disposição do coração do homem em servir a Deus e aos homens não sendo, então, uma fé meramente passiva e intelectual, apesar de que em alguns casos não reste ao crente mais nenhuma ação piedosa a não ser a inclinação íntima do coração invisível ao mundo, palco dos fariseus orgulhosos e hipócritas, rumo ao coração sagrado do Cristo.
A liberdade do homem, o homem depois amadurecido na modernidade com o seu eu em dúvida de tudo e que com isso tem uma relação pessoal, existencial, com o mundo e não como uma mera peça de um mecanismo e maquinário cósmico, o homem consciente de si, o homem moderno, repetindo, evidentemente que nasceu com Jesus Cristo com o qual o homem tem uma relação pessoal pela fé salvadora que pessoalmente entre o fiel e o Cristo tal fé pessoal, muitas vezes invisível do palco do mundo, e relacionamento pessoal foi a cura e libertação de tantas pessoas que encontraram e encontram o Cristo em suas vidas e Ele os curou até aos dias de hoje.
As revoluções que se seguiram à formidável revolução que foi a Reforma Protestante do século XVI por cruéis que tenham sido desarraigaram de uma vez por todas o homem daquele mesmo maquinário e mecanismo cósmico que um dia um homem livre e crítico, Sócrates, foi vítima de tal maquinário e a ele submeteu-se que era a pólis ateniense, mas Sócrates era um homem de sua época, contudo algo de moderno nele havia e ainda era muito incipiente. Na Revolução Russa de 1917 tão execrada pelos fascistas e nazistas de classe média dos tempos atuais livrou um povo como o russo e depois os ucranianos de serem peças do referido maquinário em seus territórios da Europa do leste que viviam sob o guante, as chicotadas, de um governante, o Czar e os ricos kulaks, que os reduziam à servidão feudal que na Europa do oeste séculos antes causara tanta opressão, epidemias, fome e pesada tributação para engordar os governantes eclesiásticos balofos da Igreja Católica e do Sacro Império Romano-Germânico.
Tais revoluções desde a protestante, incluindo-se a socrática em Atenas, passando pela francesa até a russa, e hoje a revolução nos costumes sexuais como a revolução homossexual e de gênero, bem ou mal no caso da francesa e da russa e dessas últimas, com todos os seus senões, livraram a consciência humana dando-lhe o direito de o que seja a verdade, ser verdade para o sujeito, para mim, algo biográfico e encarnado, enfim, para um mundo de homens, a criatura mais nobre que Deus pôs sobre a terra e que Deus a ama por si mesma. A verdade é algo vivido pessoalmente e crido de pessoa para pessoa, de coração para coração, o relacionamento de Jesus, o Cristo, a própria verdade (João 14, 6) com o homem para o horror e o desespero dos fariseus de todos tempos que são parafusos, pregos e peças do referido mecanismo geringonça cósmica, cuja justiça injusta, além de hipócrita, o Cristo disse a quem O seguia que a justiça deles deveria exceder e muito a dos escritas e fariseus (Mateus 5, 20).
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