Cristianismo com a cabeça no lugar (II)

 Autoria: João Emiliano Martins Neto

 

Escrevi no artigo imediatamente passado sobre a causa ecumênica que é a união dos cristãos sobre a qual o Papa Francisco critica com veemência, chamando mesmo de veneno, o ficar, talvez como os doutores da Lei e os fariseus, fazendo proselitismo, o Papa quer a união dos cristãos no que nos une que seria maior do que o que nos separa e separa não só entre nós, cristãos, de diferentes denominações, mas separa a humanidade de si mesma, uns contra os outros divididos. Os doutores da Lei e os fariseus, é sabido, viajavam, nas palavras do próprio Senhor Jesus Cristo, por mares e terras para fazer um prosélito para no fim torná-lo duas vezes mais filho do inferno do que os próprios fariseus, "væ vobis scribæ et Pharisæi hypocritæ quia circuitis mare et aridam ut faciatis unum proselytum et cum fuerit factus facitis eum filium gehennæ duplo quam vos" (São Mateus 23, 15).

 

Coincide com a atitude da atual situação de fanatismo e polarização política e religiosa no Brasil hodierno o proselitismo cego venenoso, no que se refere à religião cristã sequestrada pelos dragões e raça de víboras da direita conservadora que são sem dúvida que os novos doutores da Lei e fariseus filhos do inferno. Por isso vem em boa hora a campanha da fraternidade ecumênica deste ano da graça de 2021. A religião não precisa ser coisa de loucos, por favor, cristianismo deve ser com a cabeça no lugar. Destacarei abaixo um trecho de uma nota de esclarecimento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que eu acho que justifica muito bem e com palavras do Santíssimo Padre, o Papa São João Paulo II sobre a questão ecumênica da unidade dos cristãos e de toda a família humana.

"Uma comunidade cristã que crê em Cristo e deseja com o ardor do Evangelho a salvação da humanidade não pode de forma alguma fechar-se ao apelo do Espírito que orienta todos os cristãos para a unidade plena e visível … O ecumenismo não é apenas uma questão interna das comunidades cristãs, mas diz respeito ao amor que Deus, em Cristo Jesus, destina ao conjunto da humanidade; e criar obstáculos a este amor é uma ofensa a Ele e ao Seu desígnio de reunir todos em Cristo." (S. João Paulo II, Encíclica Ut Unum Sint, 99)