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quinta-feira, 1 de agosto de 2019

O cristianismo e o ranço ou o crassus philosophus filosofando


João Emiliano Martins Neto: Lucas, sobre este teu post, aqui, sobre a justificação pela fé ou somente pela fé, como concluíram os reformadores e a carta de são Paulo aos gálatas, pode até parecer um excesso de Filosofia da parte de Roma, mas segundo um curso recente do padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior chamado Lutero e o Mundo Moderno, a ideia e esteio da igreja protestante que é a ideia da sola fides não tornaria a fé cristã em uma fé reflexiva, ou seja, uma fé na fé, porque também baseado na ideia nominalista de que Deus pode ser inclusive mal ou tornar o que seja o bem em mal e vice-versa, então, o que restaria ao fiel não seria uma fé em Deus, porque objetivamente Deus seria ambíguo, então, só restaria o dom da fé ao fiel a fim d'ele ser justo e com isso ser salvo? Parece-me que a fé cristã é um desafio constante à velha Filosofia de origem pagã, tu não achas, caro amigo Lucas?


Lucas Banzoli: Nenhum protestante afirma uma coisa dessas (de que Deus possa ser mal ou ambíguo). A fé salvífica não é "fé na fé", mas fé no sacrifício substitutivo de Jesus Cristo em nosso favor, que resulta em frutos (boas ações) que fazemos pelo próximo. Cuidado com os espantalhos que apresentam do protestantismo, é melhor conhecer o pensamento dos reformadores lendo os seus escritos do que pelos cursos de seus detratores.


João Emiliano Martins Neto: Lucas, agradeço-te pela resposta. Bom, eu até acho que o padre Paulo pega pesado no intelectualismo tomista dele, mais adiante explico essa minha tal impressão, contudo o próprio Martinho Lutero dizia-se textualmente um membro da facção ockhamista e ockhamismo é nominalismo, ou seja, é aquela coisa de que as coleções como gêneros e espécies seriam apenas nomes ou não teriam qualquer nexo com as coisas mesmas e é por isso que o próprio Deus torna-se malvado e ambíguo ao poder decretar que algo de bem pode ser mal e vice-versa, porque o conhecimento das coisas é impossível, as coisas não são coisas concretas, são tudo termos ou nomes ou flato vocis um som vocal. Ou há, similarmente, também, diz Lutero textualmente, de que o que se pode saber do homem é como um desenho mal feito de homem e não uma ideia clara e distinta, a respeito de algo concreto chamado de homem com o seu gênero próximo e diferença específica a distingui-lo. A tese central desse padre no referido curso Lutero e o Mundo Moderno, que é exatamente o que faz tu discordares de Lutero, caro amigo Lucas, a ideia desse padre é que os protestantes, hoje, como é o teu caso, Lucas, é que vocês não pensam segundo as ideias modernas e revolucionárias do mestre e pai de vocês, Lutero.

Lucas, eu digo que padre Paulo pega pesado no intelectualismo tomista que ele adota, é porque em um outro curso de si em que ele menciona de novo Lutero, padre Paulo tem obsessão em refutar as ideias e os homens protestantes, o padre diz que é doentia a ideia de Martinho Lutero de que o cristianismo seria algo sub contraria specie, isto é, por exemplo, Cristo foi condenado injustamente à morte e à morte em um madeiro, logo, infamante morte para que de tal crime e injustiça imensuráveis o homem, mediante a fé em tal Cristo, pudesse ser virtuoso e a tal homem, desde que fiel, a ele chegasse a justificação, o padre ao concluir tal ideia com ranço anti-protestante esperado conclui por um diagnóstico psicopatológico contra Lutero. No entanto como pode ser uma patologia de Lutero se a própria pregação cristã, tal pregação, a vida mesma do Messias e dos personagens do cristianismo no Novo Testamento como são Paulo, apóstolo, e nas vidas dos santos comensuradas na História da própria Igreja é inteiramente isto de sub contraria specie? Por que? Porque, de fato, de espécies contrárias como a fraqueza, dos doentes, e até dos mortos de diferentes formas de morte que Cristo e os santos ressuscitam, da pobreza, da puerilidade das crianças, da loucura da pregação e não da suposta sabedoria dos doutores, e nem da riqueza, saúde e força física dos ricos, em inúmeras pregações desse mesmo padre Paulo tão rançoso, é mostrado que Deus triunfa nos seus pobres santos e os santifica e os fazem vencer o mundo tão mais forte do que eles dando-lhes graça e que Deus sempre resiste ao soberbos.


Lucas Banzoli:Essa história de que "Lutero era nominalista" é bem mal contada. É o tipo de coisa que você basicamente só ouve em blogs de apologética católica de quinta, não em fontes sérias, muito menos em fontes primárias. O Vitor Barreto já rebateu isso em 2015 nos comentários abaixo (a propósito, em resposta a você mesmo):

http://heresiascatolicas.blogspot.com/2015/06/famoso-pastor-sueco-se-converte-ao.html?showComment=1433486323363#c1845315293018842182


Fonte: Área de comentários do blogue de Lucas Banzoli.

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