Autoria: João Emiliano Martins Neto
Resumo: Email fictício a um leitor em que explano sobre Karl Marx e o marxismo e a questão da burrice ou maldade, na minha opinião, que é a verdadeira filosofia reacionária forjada por Olavo de Carvalho que dá um caráter sempre mau ao que seja revolução como se todas as ideias que há no mundo não tivessem sido um dia novas ideias que revolucionaram o mundo desarraigando o antigo e velho considerados obsoletos.
A questão do marxismo e o cristianismo é espinhosa por uma má vontade e cegueira dos dois lados, tanto o de certos setores da esquerda mais extrema ateia e hoje libertina nos costumes, quanto a da direita extrema mais carola e fanática, cujo Deus é na prática muito mais o dinheiro nos quadros da eficiência que o capitalismo exige no mundo e tal direita hoje é fascista em alguns setores pelo menos do meio católico. Eu vejo o marxismo como um cristianismo secularizado, que preferiu esquecer que tem um pai em uma espécie de complexo de Édipo, o Luiz Felipe Pondé já notou essa revolta contra o pai na esquerda. Outra coisa, é que vê, caro leitor, o que em geral os marxistas reivindicam como são coisas tiradas de um cristianismo amadurecido para influenciar no meio social como a questão da justiça social, a igualdade, a defesa do bem comum, dos pobres e dos proletários que é a grande defesa do marxismo.
Nota, caro leitor, que no meu artigo postado aqui neste meu blog homônimo em que eu menciono entre as minhas ideias o marxismo, eu falo ali de uma correção filosófica metafísica no marxismo. É evidente que quem fala de Karl Marx deve-se lembrar do mestre de Marx que foi Hegel e eu lia um trecho de um livro que eu tenho em minha biblioteca pessoal sobre o que seja a Filosofia de autoria de Ferdinand Alquié, um antigo filósofo francês, em que ele diz que para Hegel importava o desejo e não a contemplação do ser, como se fazia na filosofia antiga. Então, aí pega, é preciso dar uma boa metafísica ao marxismo, além das luzes da fé cristã (católica romana), porque a raiz da verdade é teológica, mas quando se diz isso se diz no quadro de uma abertura para uma teologia natural ausente no mainstream intelectual protestante que é o calvinista e é algo, tal teologia natural, negada desde o início do movimento de reforma da Igreja por Martinho Lutero. A verdade radica-se em Deus, dizia o Cardeal Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) em um documento em que ele faz críticas à teologia da libertação.
Não é verdade o que fofoca a direita atual de que Karl Marx não trabalhou na vida. Isso é fake news americana dos americanos em sua maioria evangélicos milenaristas e fanáticos com falsas profecias importada tal fake news por Olavo de Carvalho que apontou uma arma de fogo para as cabeças dos filhos. Especialistas em marxismo não falam de nada de futuro com relação a Marx, mas que ele trabalhou no presente pela construção do socialismo, portanto, ele não via o socialismo e o comunismo como uma inevitabilidade histórica, dizem os especialistas, senão ele não teria feito nada no presente.
Marx vagabundo, Marx satanista, Marx racista, tudo mentira, cem por cento ilusão que a direita inventou para poder promover os bancos, o capital financeiro e tornar países como o Brasil em uma economia de exportação de produtos primários.
Olavo de Carvalho não é de se jogar fora. Eu mesmo tenho artigos brevíssimos em meu blog em que menciono alguma unidade do que seja a filosofia de Carvalho, ao contrário dos críticos de Carvalho na internet e na grande mídia que sem qualquer exceção sobre ele ficam a propagar fofocas sobre Carvalho, claro que baseado nas loucuras que ele já disse e fez mas fica unilateralmente só nisso. Sobre Karl Marx como com Carvalho o que impera são as paixões que cegam.
Quanto ao materialismo histórico, Karl Marx já em seu panfleto, o Manifesto do Partido Comunista, muito lucidamente Marx alega que não é preciso uma inteligência fora do comum para perceber que as condições materiais forjaram a religião, as leis e a cultura. Como no caso do declínio das ideias de religião clássica antiga cederam ao cristianismo no ocaso da era clássica. Assim como quando a burguesia era revolucionária no fim da Idade Média as ideias cristãs cederam no Iluminismo trezentos anos depois à concorrência de ideias religiosas e espirituais, como queria a burguesia que até hoje vive da livre concorrência e mercado e daí veio o liberalismo e a liberdade de consciência e de religião que a própria Igreja Católica adotou a partir do Concílio Vaticano II que eu menciono no meu referido artigo em meu blog sobre as minhas ideias. Tu, meu caro leitor se fores conservador, certamente vês com maus olhos a ordem a partir do caos em uma revolução? Paciência, meu amigo, tu estás muito extremista conservador, e não vês que toda revolução, incluindo-se a católica romana cristã lá atrás no fim da era clássica e a tua própria revolução protestante no século XVI se trouxe bagunça em um primeiro momento, mas foi para desarraigar a velha ordem que se queria superar como o cão se sacode para enxugar-se ou para expulsar as pulgas.
Um método interessante no marxismo é o dialético ou materialismo dialético é do mais alto interesse, porque faz com o que o homem docilmente aceite que o objeto que ele está a investigar lhe dê as lentes para melhor observá-lo. Claro que nós, religiosos, discordamos, queremos que a partir de Deus se compreenda o mundo.
O Brasil precisa se livrar do Olavo de Carvalho, precisa se desolavizar, porque está demais, é tanta gente que repete a burrice ou, pior, maldade de Olavo de Carvalho que produziu uma tal concepção de mentalidade revolucionária: uma metafísica enviesada do que seja revolução, como, em linhas bem gerais, algo de diabólico, uma inversão de tudo o que há de estabelecido e status quo. Mas, meu caro, é claro que se o novo está na emergência de eclodir os conservadores vão chamar de toscamente de inversão, nem precisava vir o Carvalho com sua metafísica, porque o novo é visto na forma do inverso do que é para eles estabelecido. Paciência, sinto muito, mas a diferença de hoje para o passado é que os conservadores tem um Olavo para emburrecê-los diferente dos pagãos clássicos que cederam um dia ao catolicismo romano ou muitos católicos mais de um milênio e meio depois do estabelecimento da Igreja Católica cederam ao protestantismo e duzentos anos depois no Iluminismo os feudais acharam melhor ceder à burguesia e ao capitalismo.
A questão é em toda a mudança que vemos no mundo, é ter olhos de ver, contemplar o ser que é algo sub specie aetenitatis, é algo de eterno e perene. Porque, caso contrário, também, acabaremos colocando o simples desejo de mudar tudo, o desejo, como queria Hegel, acima do que seja o conhecimento que é a mesma verdade que espera-se, assim convém à verdade, que seja eterna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário