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terça-feira, 11 de novembro de 2025

Maria CoRredentora

Autoria: Daniel Laguna

Fotografia autoral da chamada "imagem peregrina" da Bem-aventurada sempre Virgem Maria Nossa Senhora de Nazaré, SIM e PARA SEMPRE CoRredentora, Medianeira de TODAS as graças, que é conduzida no Círio de Nazaré, anualmente, em Belém do Pará, capital do Estado do Pará, Brasil



Summalecton. Se a Bem-Aventurada Virgem Maria deve ser chamada corredemptrix [corredentora].



Reserva 1. Parece que a Bem-Aventurada Virgem deve ser chamada corredemptrix, pois consentiu livremente na Encarnação, dizendo: Fiat mihi secundum verbum tuum [“Faça-se em mim segundo a tua palavra”] (Lucas 1:38). Ora, assim como o pecado da primeira mulher cooperou para a morte, assim o consentimento desta cooperou para a vida. Logo, assim como Eva cooperou para a ruína, Maria cooperou para a redenção, e por conseguinte, pode ser com propriedade chamada corredemptrix.



Reserva 2. Ademais, o Apóstolo diz (Colossenses 1:24): “Repleto na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, em favor do seu corpo, que é a Igreja.” Portanto, parece que outros, além de Cristo, podem cooperar na obra da redenção. Assim, Maria, que mais perfeitamente uniu a sua compaixão à Paixão de Cristo, deve com mais razão ser chamada corredemptrix.



Reserva 3. Além disso, a Igreja, em algumas piedosas devoções, invoca Maria como Redemptrix, e muitos santos a nomearam assim. Logo, tal título lhe convém com propriedade teológica.



Contraponto. Pelo contrário, está escrito (1 Timóteo 2:5): “Um só é o mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus.” Logo, atribuir a outrem o ofício próprio da redenção seria obscurecer a mediação única de Cristo.



Minha resposta. Digo que, na obra da redenção, cumpre distinguir duas causas: a eficiente e a instrumental. A causa eficiente e principal de nossa redenção é o próprio Cristo, enquanto por sua Paixão e Morte mereceu a graça e a satisfação que tiram o pecado e reconciliam o homem com Deus. Esta operação pertence à sua Pessoa divina, a qual unicamente possui o poder de redimir o gênero humano, como foi demonstrado noutra parte (ST III, q. 48, a. 6).



Entretanto, no desígnio divino, outros podem cooperar de modo secundário e subordinado, não como redentores principais, mas como instrumentos do único Redentor. Assim, os Apóstolos são ditos a “salvar almas”, não porque redimam por seu próprio poder, mas porque ministram a graça do Redentor.



Portanto, a Bem-Aventurada Virgem pode ser dita cooperar na redenção per modum dispositionis et compassionis [por modo de disposição e compaixão], enquanto, pela fé e obediência, ofereceu a natureza humana de Cristo, e, pela compaixão, uniu o seu coração ao sofrimento do Filho. Contudo, não é corredemptrix no sentido de partilhar da mesma ordem causal de Cristo, mas somente como participante singular e subordinada no ato redentor.



Por conseguinte, o título corredemptrix pode ser tolerado em sentido de cooperação subordinada, mas não em sentido próprio e estrito de causalidade eficiente, que pertence unicamente a Cristo.



Resposta à Reserva 1. O consentimento de Maria dispôs para a Encarnação e, assim, cooperou dispositivamente na redenção. Todavia, essa cooperação é de ministra, não de causa principal, pois até o seu fiat recebeu toda a eficácia da graça divina.



Resposta à Reserva 2. As palavras do Apóstolo significam que os fiéis podem participar dos sofrimentos de Cristo por modo de aplicação, não por modo de adição. As tribulações dos santos não completam o que falta em Cristo em si mesmo, mas na aplicação dos méritos de Cristo aos seus membros. Assim, a compaixão de Maria foi participação singular e perfeitíssima nos sofrimentos de Cristo, não adição ao seu valor redentor.



Resposta à Reserva 3. A linguagem devocional, por vezes, excede os limites da precisão teológica. Portanto, quando Maria é chamada Redemptrix ou corredemptrix, deve entender-se secundum participationem subordinationis [segundo a participação subordinada], não secundum aequalitatem potestatis [segundo igualdade de poder].

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