Autoria: João Emiliano Martins Neto
Resumo: Uma reflexão sobre Deus que é algo fruto do homem maduro, que reflete, e para quem nada meramente relativo deste mundo é um ídolo ou é um absoluto.
A quem é livre para refletir, pensar melhor e mais, duas, três, quantas vezes for preciso. Ouvir mais e falar menos diante de muitos mestres e conselheiros e nos dias modernos de hoje ouvir ao seu próprio eu, também, que de tudo duvida, tudo que podem ser meros entraves ilegítimos autoritários externos, para se deparar consigo mesmo concretamente e existente, porque pensa na sua consciência crítica, porque capaz de discernir não aceitando facilmente meras coerções externas de instituições e pessoas que podem ser irrefletidas ou imaturas elas mesmas repetidoras como máquinas de costumes antigos. A quem queira realmente saber, saborear muitas coisas que há no mundo, a fim de saber qual o melhor vinho ou alimento que melhor no espelho de sua alma, de seu eu crítico consciente de si, reflita o que seja a verdade sobre o mundo. A todo aquele que quer ter o direito de pelo menos perguntar, mas também que suporte que a pergunta sobre as suas reais intenções seja arguida, conforme ensina a sabedoria judaica, porque o judeu costuma perguntar alguma coisa a quem lhe faz uma pergunta, Jesus Cristo fazia o mesmo (São Marcos 11, 27-30), e Ele era judeu. A todo aquele, então, que não teme perguntar e nem está diante de alguém que se ofende diante de uma mera pergunta.
A tal pessoa, o mundo, a natureza, é algo transparente, nada de natural ou criado é-lhe um ídolo ou um absoluto, a tal pessoa a ideia de Deus é-lhe evidente. A tal pessoa, certamente, a fim de prová-la, muitos quererão ser deuses e senhores neste mundo, mas ela reconhecerá que Deus é só um. Contudo é bom lembrar que o Santíssimo Padre o Papa São Paulo VI em seu discurso de encerramento do sacrossanto Sínodo Vaticano II (1962-1965) não viu o Deus que se fez homem em Jesus Cristo a condenar o homem que quer ser Deus que é o homem nosso moderno ou contemporâneo, pois eu veria aí em tal ausência de condenação a sede do homem moderno por sua justa e honesta liberdade como a liberdade de consciência e o reclamo do homem nosso irmão atual em busca de sua dignidade humana no que poderia estar por séculos de farisaísmo a reduzir-lhe à obediência não permitindo-lhe instruir-se e iluminar-se livremente pela reflexão. Deus é o Eterno, que revelou-se trino e uno, a Santíssima Trindade. Deus revelou-se o Salvador em Jesus Cristo, porque o homem não poderia ter paz e intimidade com a Verdade, a Sabedoria que é Deus, por si mesmo, mas mediante a fé no Cristo (Romanos 5, 1). Deus é invisível, está para além da linguagem, nomes e imagens que se lhe possa retratar, ainda que para surpreender Ele próprio retratou-se como homem, tornou-se imagem de filho de homem, revelou-se Deus através de Seu Filho Jesus, a imagem exata do ser de Deus (Hebreus 1, 3), a expressão exata de Seu ser e em forma de um homem: Jesus Cristo, restituindo, por isso mesmo, em cada homem comum a sua imagem divina e vocação espiritual de ser um só com Deus. Deus é mais, é transcendente, é muito mais, está além do que se possa pensar, imaginar e desejar como melhor meramente espelhado neste mundo, já que o homem, imagem a quem Deus tomou para si, é para o céu e do céu: é para Deus e de Deus.
O SENHOR Deus está além deste mundo e da natureza. Deus é a ideia madura do homem experimentado na limitação e precariedade deste mundo, então, o homem busca o Eterno, o imortal, Deus, que sempre esteve aí e além e sempre estará ao contrário das criaturas que não podem penetrar o passado inteiro ao ponto de devassar-lhe a sua penumbra e nem é imortal a criatura para tudo saber o que virá para frente, no futuro, porque um dia a criatura morre e no dia seguinte à sua morte ou no instante seguinte à sua morte e nos tempos que virão após a sua morte nada mais saberá tal criatura. Deus é, então, a Sabedoria e o único sábio. Nós, homens, somos apenas filósofos, estudantes na escola da Verdade, com maior ou menor seriedade.
Deus, o grandioso, magnífico, o dominador, mas que em Jesus Cristo veio servir o homem e não ser servido (São Mateus 20, 28). Deus é a sabedoria mesma, o sumo bem, suma beleza e suma verdade que é tudo em todos, como diz a Bíblia Santíssima (1 Coríntios 15, 28); e que sendo a Trindade, tal Deus, é comunhão e não solidão. Sendo comunhão quis Deus que em Sua comunidade, a Igreja Sagrada, cujo cabeça de tal comunidade é Ele, o Cristo, quis Deus que houvesse na mesma Seu comunismo cristão onde todos tivessem tudo em comum e a cada um fosse dado segundo a necessidade de cada um (Atos dos Apóstolos 2, 44, 45) e não houvesse como eu vejo em minha Arquidiocese de Belém (capital do Estado do Pará) pessoas na porta de suntuosos templos católicos a pedirem o pão, com fome, e sem quase nenhum dente na boca...
Deus, enfim, como a própria Verdade e Sabedoria, poderá ferir o homem inclinado, seduzido como é para o erro. Poderá doer tal açoite, mas é bom tal açoite vindo como é d'Aquele que é a mais alta e reta aspiração do homem e dos anjos que são as únicas criaturas conscientes do mundo. O homem deverá alegremente, com divina paciência e resignação vender tudo o que tem para adquirir para sempre o tesouro escondido que encontrou no campo (São Mateus 13, 44) e desfrutar do bem maior que é Deus. Amém.
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