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quarta-feira, 14 de outubro de 2020

A nobreza cristã ou para além do "cristianismo" dos brasileiros

Autoria: João Emiliano Martins Neto

 

Resumo: Reflito a necessidade de uma Fé cristã e católica romana verdadeira, não só feita de sentimentos, ainda que sinceros, aqui neste artigo sobre a época de quadra nazarena em Belém, a capital do Estado do Pará, que ocorre após a procissão do Círio de Nazaré em que nós, belenenses, celebramos a Virgem de Nazaré.

 

Neste ano do Senhor de 2020, no dia 11 de outubro, mas sempre no segundo domingo de outubro de cada ano, até os próximos quinze dias teremos a chamada quadra nazarena aqui na cidade de Belém que fica no Estado do Pará, Brasil, onde nasci e resido, que é quando a Igreja Católica da capital paraense celebrará a Virgem de Nazaré, cujo início de tal quadra é marcado pela festa do Círio. Bom, então sobre isso eu gostaria de refletir o que é nobre e convém ao cristão que neste tempo forte de quadra, devemos, nós, cristãos e católicos, lembrarmo-nos, para darmos pelo menos um passo além do "cristianismo" próprio dos brasileiros que é um "cristianismo", seja católico ou protestante (neopentecostal), muito superficial ou de fogo de palha, porque mais de sentimentos ou de sensações do que um cristianismo vivido com fé, de fato, porque se a fé opera pelo amor (Gálatas 5, 6), logo, vivido na prática com genuíno amor a Deus sobre todas as coisas, isto é, obedecendo-Lhe os Seus mandamentos (São João 14, 21) e por isso com genuíno amor e respeito ao próximo como a nós mesmos (São Marcos 12, 30, 31).

 

A nobreza cristã de um povo, o que convém a tal povo enquanto cristão, membro vivo e atuante do corpo de Cristo que é a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, a glória de tal povo que se diga cristão, é o que é a glória de Cristo, que é a cruz, o sofrimento, causado pelo pecado, a morte e o mal que chegou ao mundo desde o pecado de todos nós, homens, com Adão (1 Coríntios 15, 22), nosso pai primordial, que enlouqueceu o mundo (Gênesis 3, 17). O que é nobre, segundo o cristianismo verdadeiro que é o católico romano é o servir e não ser servido, mesmo que seja um sofrimento de cruz, que é o mais humilhante, o de experimentar as próprias misérias e negando-se a si mesmo, expiar os próprios pecados, como Cristo que paradoxalmente renegou a Sua inocência e Sua glória divina, - enquanto nós, homens pecadores, não somos nada inocentes e nem temos glória por nós mesmos - daí chegar à vida, à glória da ressurreição, um dia, tal qual o Cristo também ressuscitou não sem antes padecer e morrer vergonhosamente a punição que a nós cabia a fim de salvar-nos. Porque é como está escrito que todo aquele que se exalta será humilhado, assim como todo aquele que se humilha será exaltado (São Mateus 23, 12).

 

Em tudo amar e servir, como dizem os jesuítas, está o que é nobre, aristocrático, é o melhor, é o que distingue o cristão, em sua humilhação, serviço a Deus e aos seus semelhantes, ainda que em um extremo isto lhe custe o derramamento do seu próprio sangue, sangue seu derramado por seus próprios irmãos, mas ele, tal povo, deverá pedir o perdão divino aos seus próprios algozes, como fez Jesus Cristo (São Lucas 23, 34) ou como fez um Santo Estevão (Atos dos Apóstolos 7, 60). Tal pessoa nobre cristã e como um todo tal povo em sua nobreza cristã "levará desaforo para casa", coisa que o brasileiro culturalmente detesta em sua comum imprudência, inconsciência e soberba. Deverá o nobre cristão e católico seguir perdoando, relevando as faltas e fraquezas do próximo, ajudando os pobres e miseráveis com esmolas ou bons conselhos que o purificarão mais do que o cumprimento de ritos (São Lucas 11, 41), rezando a todo o tempo e fazendo penitência por si mesmo, pelos seus familiares e pela vida do mundo todo. Eis um pouco da nobreza cristã para além de uma atitude como a do "cristianismo" dos brasileiros que é evidentemente algo, eu não digo que fingido, porque é sincero e eu acredito que pode mesmo justificar e salvar o brasileiro, porque é como admitia o Santíssimo Padre o Papa São Pio X de que a virtude da Fé, que é a raiz de toda a justificação (Catecismo Maior de São Pio X, questão 219). Contudo é evidente que o brasileiro salvar-se-á correndo um sério risco, pois o que seria o normal que é ele participar cotidianamente dos sacramentos, o brasileiro comum não o faz, logo, será uma salvação que ocorrerá como que a beira do precipício e como que por meio de chamas de quem nunca mais achegou-se aos sacramentos. Entretanto será uma salvação arriscada como que por meio de tal sentimento que se dá no coração do brasileiro quando da época de uma festa religiosa como a do Círio de Nazaré.

 

Da cruz, rude cruz de dor para a vida. Cruz, rude cruz que conduz à vida a todos aqueles que não se enganam com atalhos e ilusões em relação à verdade. Ainda que feridos, cansados, míopes e com os joelhos desconjuntados tenham que a cada dia seguir essa mesma verdade que é o Cristo (São João 14, 6) renegando-se a si mesmos (São Lucas 9, 23) a carregar após Ele e como Ele a sua devida cruz rumo à morte de cruz do velho homem desordenado e louco como o mundo ferido pelo pecado de Adão. Rude cruz do próprio egoísmo e vontades desordenadas, mas que conduz tal cruz e morte à vida. Eis a nobreza cristã o que é mais do que na época de festas como a do Círio de maneira fugaz chorar ao ouvir canções de gosto e conteúdo questionáveis de uma Fafá de Belém, Roberto Carlos ou padre Fábio de Melo ou fazer sacrifícios físicos extenuantes como participar da chamada "corda do Círio" e depois encher a cara de cerveja para compensar que é o em que basicamente consiste o "cristianismo" dos brasileiros, ou seja, um "cristianismo" de aparências, péssimas aparências: temerário, perigoso para não dizer raquítico e estéril.

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