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quarta-feira, 27 de março de 2019

O filósofo cristão e a morte

Autoria: João Emiliano Martins Neto

Uma meditação minha acerca da morte sob uma perspectiva cristã para secundar fortemente a humana razão pobre quando fechada em si mesma sem a luz sobrenatural da fé acerca desse tema como acerca de qualquer outro.


Caro amigo leitor, em Filosofia eu proponho-me a ser um filósofo cristão, com a ajuda da graça de Deus, e como tal quero meditar agora um pouco sobre a morte. Eu vejo a morte pelo próprio medo que a mesma causa normalmente ao homem, ainda que o cristão deva estar disposto, por seu compromisso batismal, a derramar o seu próprio sangue, à dar a sua própria vida por amor a Deus e aos homens, entretanto, decerto que há uma violência infligida ao homem quando a sua própria vida lhe é subtraída, seja por causas naturais, seja por causa de uma doença ou seja por causa de um homicídio.


A vida é um bem que Deus deu ao homem e é o bem maior que Deus deu ao homem, sendo que é sempre vida - ainda que no sentido espiritual com a salvação - que Deus sempre promete ao homem, mesmo que Deus exija-lhe o sacrifício do martírio. Vida é um bem que Deus também dá a todas as coisas existentes e era plano de Deus que o homem para sempre vivesse, mas por causa da queda do homem no Éden, quando da entrada do pecado no mundo, pela perfídia humana ao pacto selado com seu Deus, então, a mortalidade tornou-se, como castigo, a condição de todo homem, todo homem é mortal.

Segundo o relato bíblico do livro do Gênesis o homem foi por Deus expulso do paraíso do Éden, porque tornara-se como Deus, isto é, palavras do próprio Deus, o homem tornara-se conhecedor do bem e do mal, então, para que não tomasse do fruto da Árvore da Vida e para sempre fisicamente vivesse, e com isso disputasse com Deus, foi expulso do Éden. Porém, tal Árvore da Vida está bem perto há mais de dois mil anos de todo homem de boa vontade em Jesus Cristo pelo ministério sacramental primeiro do batismo e depois quando o homem vem a pecar gravemente pelo ministério da reconciliação pelo sacramento da penitência promovido pela Igreja Romana. A Árvore da Vida, hoje, no Tempo da Igreja cristã dá-se na Tradição Santa viva da Santa Igreja que faz o homem provar de tal fruto e para sempre viver, pela fé e pela participação nos sacramentos ordinariamente, um homem eternamente vivente, mas em comunhão com o seu Deus. O homem torna-se imortal, por assim dizer, tem a vida de Deus em si ao ter parte e comunhão com Cristo Jesus e por isso estar apto para tomar parte do banquete eucarístico que diviniza, imortaliza o homem ao dar-lhe a vida verdadeira que é a eterna vida com Deus, não mais como outrora no Éden um jardim de delícias neste mundo mesmo. Assim o homem não experimenta a morte, mas já passou da morte à vida pela fé e participação nos sacramentos, a começar do batismo. A morte pode acontecer ao homem no fim de sua vida por velhice, ou por uma doença ou por causa da violência de um crime de sangue que ele sofra, contudo a vida eterna está com o fiel verdadeiro. À morte física o homem fiel faz pouco caso, pois ele está disposto a dar o dom total de si, a sua própria vida, por amor a Deus e aos irmãos e expressa-se o amor pelo serviço humilde e generoso que é a fé em Jesus em operação. Percebe-se, por conseguinte, que um tal medo irracional à morte física, portanto, é coisa de homens muito materiais e grosseiros que não cultivaram o espírito, sendo a vocação humana máxima a vida espiritual. Não tendo comunhão com o Espírito Santo que desagradaram durante uma vida inteira, ficam tais homens materiais tomados de um temor desproporcional diante da morte do que é mais grosseiro que é o corpo e que hão de perder normalmente todo homem mais cedo ou mais tarde e ainda o verão tal corpo tão querido envelhecer e se degradar se viverem muito tempo para tal.


O filósofo cristão deve fazer uma meditação desde o nada, como diz o filósofo Julián Marías. Então, a morte seria o não ser, seria a não existência, mas que não ser pode haver diante da promessa de Jesus da vida eterna? Claro que a promessa de um outro mundo depois deste mundo, um mundo espiritual e metafísico, seria o nada para o homem infiel, pecador como pagão, muçulmano ou judeu. O infiel e pagão só pensa em conforto e fartura material e dinheiro, ou só pensa no poder e poder total seja o econômico capitalista selvagem ou socialista extremado, assim como o judeu quer um reino de uma Terra Prometida somente aqui neste mundo para o seu povo e o muçulmano a dominação mundial política.


A Filosofia quando fecundada pelo cristianismo parece mais uma Teologia, todavia nada mais racional do que a razão retratar-se diante do Alto que se inclina para falar-lhe quando a razão humana fechada em si mesma pode tornar-se por vaidade uma negação da própria razão ao rotular-se a si mesma como divina e necessária e não contingente, o que em caso contrário se dá que é o caso de um filósofo cristão se dá pelo reconhecimento da abertura à uma presença, a presença do real, para além da razão, mas acessível à fé, e essa presença é a Verdade, que é Deus, que é o Amor e que promete vida imperecível além desta vida tornando toda a meditação filosófica acerca da morte da parte de um filósofo cristão uma meditação sub specie christianismus muito mais reveladora pela própria Revelação expressa na Bíblia, através da Tradição da Igreja Romana Santíssima, na vida dos santos e santas e no que ensina o Sagrado Magistério infalível da Igreja do que a própria vã filosofia e elucubração humana e animal poderia sequer imaginar.

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